Senador paraguaio critica apoio de Requião a ex-bispo

?A intervenção de Requião nas eleições do Paraguai é grosseira e temerária.? A afirmação é do senador paraguaio Arsenio Ocampos, do Partido Pátria Querida, que em entrevista concedida na redação de O Estado, analisou o quadro eleitoral de seu país a 45 dias do pleito que escolherá o novo presidente da República do Paraguai, no dia 20 de abril.

Ocampos informou que o apoio do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB) ao ex-bispo Fernando Lugo, da Aliança Patriótica para Mudança, é de conhecimento da maioria do eleitorado de seu país. ?E a grande pergunta é: que interesse tem Requião na eleição de Lugo? Político, eu não acredito que seja. Talvez seja econômico, para aproveitar-se da inexperiência de um ex-bispo e fortalecer seus negócios e de seus aliados no Paraguai?, disse o senador, que também citou a exportação de soja pelo Porto de Paranaguá como um ?negócio? de Requião.

Arsenio Ocampos disse ter informações de que a candidatura de Lugo recebeu um aporte de US$ 3 milhões de Requião, ?o que para o Paraguai é muito dinheiro e pode ser decisivo numa campanha em que até o espaço na televisão tem de ser comprado?, comentou.

Partidário do candidato à presidência Pedro Fadul, que aparece em quarto lugar nas pesquisas de intenção de voto com cerca de 3,5%, Ocampos ainda vê um cenário imprevisível para as eleições do país. Com as pesquisas apontando a liderança de Lugo com 31,2%, seguido de perto pelo general Lino Oviedo (25,3%), da União Nacional de Cidadãos Éticos, e pela candidata do governante Partido Colorado, Blanca Ovelar, com 24,3%, o senador lembra que o cenário pode mudar por conta de cerca de 12% dos eleitores paraguaios ainda estarem indecisos. ?O que a gente vê é um desinteresse dos mais jovens pela eleição. É nesse grupo que se deve buscar os votos decisivos?, destacou, lembrando que não há segundo turno nas eleições paraguaias e que o presidente geralmente é eleito com mais de 60% dos votos contrários. ?Tentamos uma união entre os opositores do atual governo, para lançar uma candidatura conjunta, a ?La Consertacion?, mas o Lugo foi o primeiro a rejeitar?, comentou.

Um dos principais questionamentos do apoio de Requião a Fernando Lugo é que o ex-bispo faz campanha prometendo que obterá do Brasil um reajuste no preço da energia produzida por Itaipu. Para o senador, essa política de choque não é a solução para o desenvolvimento do país. ?Enquanto Lugo defende um confronto, Oviedo promete ser um embaixador verde e amarelo no Paraguai. Nossa política para o Tratado de Itaipu é bem mais realista e passa por um ?mea culpa?. Antes de querer renegociar o valor da energia, temos de consumir mais energia, usar o que produzimos para aumentar o ingresso de capital e o número de postos de trabalho?, disse. ?Lugo mente quando diz que vai recuperar a soberania do país por Itaipu. Temos é que investir em linhas de transmissão e oferecer energia barata para atrair grandes empresas, até do Brasil?, destacou. 

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