O senador Aécio Neves desembarcou ontem em São Paulo para uma conversa reservada com o governador Geraldo Alckmin sobre a possibilidade de antecipar sua candidatura à Presidência em 2014. O encontro, antecipado ontem pela coluna Direto da Fonte, foi um almoço realizado na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes e durou cerca de três horas. Pessoas próximas a Aécio Neves afirmam que a reunião foi feita para discutir cenários e pesquisas, mas auxiliares do governador revelaram que a pauta foi mais ampla.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tem atuado por Aécio fortemente nos bastidores, também esteve presente. A antecipação do lançamento do nome tucano para este ano em vez de março de 2014, como pleiteia o ex-governador José Serra, que também disputa a chance de concorrer ao Palácio do Planalto, é uma demanda da bancada do PSDB no Congresso Nacional. A proposta foi apresentada ao senador, mas ele resistiu em romper um acordo estabelecido com Serra quando ele decidiu permanecer no partido.
A avaliação dos deputados tucanos é que a movimentação de Serra pelo Brasil se apresentando com “opção” do PSDB e a demora por uma definição clara estão prejudicando as articulações do partido com outras legendas, o que favoreceria o governador Eduardo Campos, provável candidato do PSB.
A tese de antecipar o anúncio da candidatura do senador mineiro ganhou força no partido após as novas movimentações do ex-governador José Serra. Nas últimas semanas, ele tem montado agendas paralelas às de Aécio Neves a fim de se manter em evidência e disputar o noticiário com o rival.
“Se a decisão sobre a candidatura sair mais cedo é melhor para o partido. No entanto, a nossa prioridade é manter o PSDB unido”, afirmou o deputado Antonio Carlos Mendes Thame, secretário-geral da sigla.
A movimentação paralela de Serra tem incomodado os “aecistas”. A ala simpática ao senador mineiro tem criticado abertamente as aparições públicas do ex-governador. Já Aécio tem sido cauteloso por temer os efeitos de um rompimento brusco com o adversário interno. A principal preocupação do comando nacional tucano, no entanto, é garantir o engajamento do governador Geraldo Alckmin no projeto presidencial de Aécio Neves.
A votação no Estado, que representa o maior colégio eleitoral brasileiro, é considerada decisiva para compensar uma eventual derrota para a presidente Dilma Rousseff e o governador Eduardo Campos na Região Nordeste.
De acordo com um dirigente tucano próximo ao senador mineiro, a ideia é organizar uma pré-convenção entre o fim de novembro e o começo de dezembro para formalizar a escolha.
No próximo fim de semana, Aécio embarca para uma etapa de sua “caminhada pelo Brasil”.
Depois de protagonizar eventos do PSDB em Maceió, Uberlândia, Brasília, Curitiba e cidades no interior de São Paulo, ele vai agora para Manaus e Belém. Enquanto isso, o ex-governador José Serra será a estrela de um evento da Juventude do PSDB em São Paulo na próxima sexta-feira.
‘Preparado’. Na última semana de outubro, em Salvador, o ex-governador disse que se sentia preparado para ser presidente.
“Se você me pergunta: ‘você gostaria de ser presidente da República?’, eu diria: gostaria. Eu me acho preparado para isso”, afirmou Serra, durante visita recheada de eventos típicos de um candidato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.