O governador Roberto Requião (PMDB) foi, mais uma vez, destaque na imprensa paraguaia de ontem.
Dois dos principais jornais do país vizinho (ABC Color e La Nacion) destacaram em suas páginas políticas o debate travado dentro do senado paraguaio em torno do apoio de Requião à candidatura de Fernando Lugo à presidência e das declarações de Requião contra o atual presidente paraguaio Nicanor Duarte (Partido Colorado), que apóia Blanca Ovelar, do mesmo partido.
Segundo o ABC Color, o vice-líder do Pátria Querida (PQ), Arsenio Ocampos, assinalou que as declarações de Requião, que classificou como ?tonterías? (devaneios) a insinuação de Nicanor de que o governador paranaense estaria financiando a campanha de Lugo, foram lesivas para a disputa presidencial, mais até do que os questionamentos feitos por Duarte. Ele foi apoiado pelo líder do governo Juan Carlos Galaverna (colorado), que insinuou que Requião era um conhecido delinqüente na zona de fronteira, ligado ao narcotráfico e ao contrabando.
Segundo o La Nación, Galaverna declarou em seu discurso que ?Requião é a conexão de (Hugo) Chávez com Lugo, e nas próximas sessões darei detalhes dos quatro espanhóis também bancados por Chávez, via Requião, que estão trabalhando em Asunción?, prometeu. ?Requião não é perigoso como delinqüente de segundo nível, mas sim como delegado de Chávez, que já revelou intenção de interferir na imposição de presidentes em vários países sul-americanos?, concluiu. Os senadores colorados Alejandro Velázquez Ugarte, Martín Chiola, Alfonso González Núñez e Bader Rachid também pronunciaram-se no mesmo tom.
O La Nación trouxe, ainda, declaração do senador Jorge Oviedo Matto, líder do partido do general Lino Oviedo (Unace), um dos adversários de Lugo nas eleições, comentando a declaração de Requião, que disse ser amigo pessoal de Lino Oviedo. ?Que belo amigo! Que Deus reserve esta classe de amigos para quem quiser.?
Já os senadores aliados de Lugo: Carlos Filizzola (PPS), Emilio Camacho (PEN) e José Nicolás Morínigo (P-MAS) e os liberais Eusebio Ramón Ayala, Modesto Guggiari e Juan Carlos Ramírez Montalbetti defenderam o discurso de Requião como sendo apenas uma opinião, sem qualquer tipo de interferência. Carlos Filizzola disse que Requião estava em seu direito de opinar, como qualquer político, assim como já havia feito em favor do uruguaio Tabaré Vázquez e da chilena Michelle Bachelet. Para ele, todo o alvoroço foi causado porque ?Lugo ganhará as eleições em abril próximo?.
A discussão entre Requião e Nicanor teve início após o presidente paraguaio insinuar que Requião estaria financiando a campanha de Lugo no país vizinho, após o governador ter declarado apoio ao ex-bispo católico e confirmado a participação de seu secretário de Comunicação, Airton Pisseti, na campanha do oposicionista.