Mais de um mês depois de patrocinar uma representação do PMDB contra o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) no Conselho de Ética por autorizar um assessor a estudar no exterior à custa do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) teve ontem de dar explicações sobre episódio semelhante. O próprio Virgílio acusou Renan de ter autorizado, quando presidente da Casa, o então funcionário Rui Palmeira a estudar no exterior sem interromper o pagamento de salários.

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Rui é filho de Guilherme Palmeira, ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU). Atualmente deputado estadual, ele foi contratado no dia 23 de fevereiro de 2005 e exonerado dia 31 de março de 2006. Em entrevista ao blog do jornalista Fábio Pannunzio, Rui contou que, entre dezembro de 2005 e março de 2006, fez um curso de inglês na Austrália – com os salários mantidos -, sob a ciência de Renan Calheiros.

Arthur Virgílio cobrou ontem em plenário explicações do líder do PMDB. Renan se recusou a entrar em detalhes. Irritado, afirmou apenas que não é responsável pela frequência dos funcionários. “Não compete a nenhum senador tratar aqui de frequência de funcionários. Pelo amor de Deus! Eu nunca cuidei disso e nunca vou cuidar”, afirmou o peemedebista. “Não tenho nada a responder sobre essa questão, nada, absolutamente nada, a não ser dar um testemunho do que o Rui Palmeira representou para o Senado e para a Presidência no tempo em que serviu a esta Casa.”

Recentemente, Virgílio foi alvo de uma representação no Conselho de Ética por ter autorizado um servidor de seu gabinete, Carlos Alberto Andrade Nina Neto (já exonerado), a ficar 18 meses fazendo um curso de teatro na Espanha sem deixar de receber seus vencimentos pelo Senado. A ação foi arquivada pelo conselho, mas Virgílio teve de devolver R$ 210 mil aos cofres da Casa.

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Ontem, o tucano exigiu que o Senado revele a relação de todos os servidores que fizeram cursos no exterior sem que o pagamento de salários fosse interrompido. “Quero saber título do curso, duração do curso, custos e vantagens e/ou benefícios oferecidos pelo Senado, como, por exemplo, pagamento dos referidos cursos, passagens e diárias, discriminando um por um. É a hora da verdade, da qual nem o touro nem o toureiro podem fugir mais.”