Cortes em benefícios sociais

‘Sem seguro, vamos viver de quê?’, pergunta líder de pescadores

Possíveis cortes em benefícios socais, principais fontes de renda de Belágua, deixam preocupados os eleitores de Dilma Rousseff. Mais de 70% da população é beneficiada pelo Bolsa Família. Das 7,2 mil pessoas que vivem no município, 2,1 mil recebem o seguro-defeso, benefício de um salário mínimo, em teoria, pago a pescadores artesanais no período em que a pesca é proibida.

Só em 2015, Belágua recebeu R$ 3,7 milhões do Bolsa Família, valor superior à cota repassada pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM). “Só de falar que vai ter corte no Bolsa Família, o povo fica revoltado”, diz o agricultor Augusto Saminez, de 60 anos. A família dele recebe R$ 154 por mês do benefício. Ele reclama do aumento dos preços dos alimentos.”Antes você comprava um quilo de frango por R$ 7. Agora está R$ 10.”

Belágua não tem empresas. As pessoas trabalham na roça, em pequenos comércios ou para a prefeitura. “As finanças do município estão à beira do caos”, afirma o prefeito Adalberto Rodrigues (PT). Ele critica a suspensão da proibição da pesca pelo governo federal. A medida impede o desembolso do seguro-defeso, benefício pago a pescadores impedidos de ter o sustento pela pesca. Em Belágua, porém, quase 30% da população recebia o benefício, mesmo não vivendo da pesca. O “bolsa pescador” injetou em Belágua, ao todo, R$ 14,4 milhões.

“Aqui não tem ninguém rico. Todo mundo vive da lavoura. A situação é bem precária. Temos os açudes, mas não tem água. Se cortar mesmo o seguro, vamos viver de quê?”, questiona o presidente da associação dos pescadores de Belágua, Fernando Rodrigues Saminez. O governo suspendeu o pagamento do benefício por quatro meses e espera recadastrar os beneficiários. Com a medida, pretende economizar R$ 1,2 bilhão.

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