Mesmo que o deputado Roberto Jefferson (PT-RJ) não tenha apresentado ao Conselho de Ética da Câmara Federal provas de suas denúncias sobre pagamento de propinas a parlamentares, essas denúncias têm que ser investigadas a fundo, com a punição dos responsáveis, sob pena de fragilizar a própria instituição do poder Legislativo. Nisso concordam tanto os deputados que apóiam o governo quanto os da oposição.
Para o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Hermas Brandão (PSDB), a gravidade das acusações exige a sua apuração com a maior isenção possível: "Jefferson confessou ter recebido R$ 4 milhões em doação irregular para a campanha eleitoral, para citar apenas uma de suas denúncias. Não tem como deixar de apurar", afirmou, prevendo que isso custará o mandato do petebista. "Mas ele leva uma meia-dúzia com ele", apostou. Para o líder da oposição e presidente regional do PSDB, deputado Valdir Rossoni, o testemunho de alguém que conviveu tão de perto com o governo, na condição de aliado, não pode ser varrido para baixo do tapete com tentativas de desqualificação de quem o dá: "A sociedade espera que o assunto seja esclarecido com a seriedade que merece, até para separar o joio do trigo. No Legislativo, como nas demais instituições, existem pessoas que passam ao largo dos preceitos éticos. Mas existe muita gente séria, que se dedica e trabalha para melhorar o País", ponderou.
"No osso"
O presidente do diretório regional do PT, deputado André Vargas, concordou que a investigação tem que "ir no osso": "O deputado Roberto Jefferson não acrescentou nada de novo ao que já havia dito e nem apresentou qualquer prova além de suas acusações. Mas não tem mais meio-termo, tem que investigar, tanto através da CPI quanto pelos organismos do governo, punindo quem tiver que ser punido". Na sua avaliação, a crise tem paralisado o Congresso e o governo, e se arrasta desde o ano passado, quando veio à tona o caso Valdomiro Diniz.
Para o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputado Durval Amaral (PFL), Jefferson mostrou-se extremamente preparado e convincente diante da Comissão de Ética: "Ele apresentou muitas evidências que têm que ser investigadas. O presidente está isento, mas se não demitir rapidamente os envolvidos, será contaminado", previu. "Vivemos um momento de crise institucional, mas é hora de transformá-la em avanço para a democracia, extirpando, no Executivo e no Legislativo, os que não têm postura para exercer a função pública", arrematou.
"Todas as denúncias feitas por Jefferson devem ser investigadas a fundo, doa a quem doer", declarou o deputado federal Dr. Rosinha (PT). "Ao mesmo tempo, essas mesmas acusações devem ser vistas com certa reserva, em razão da própria história do seu autor",acrescentou, lembrando que o petebista foi integrante da chamada tropa de choque do ex-presidente Collor e da base de apoio de FHC.