Com as trocas nas comissões permanentes do Senado, previstas para fevereiro, o PT deve perder o comando de um dos mais importantes colegiados da Casa: a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), presidida desde março pela senadora do Paraná Gleisi Hoffmann e composta por 54 dos 81 parlamentares, incluindo titulares (27) e suplentes (27).

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Nas mãos da petista, a CAE acabou se tornando a última trincheira da sigla, extremamente enfraquecida no Senado após o afastamento, em maio, da então presidente da República, Dilma Rousseff, e depois da posse definitiva de Michel Temer no comando do Executivo, já em agosto.

No período, Gleisi conduziu reuniões quentes, protagonizando embates virulentos com a base de Temer.

A maior polêmica saiu da série de audiências públicas organizadas pela petista para tratar da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece um teto de gastos públicos pelos próximos 20 anos – a chamada PEC 241, na Câmara dos Deputados, ou PEC 55, no Senado.

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Até aqui considerada a principal aposta do Planalto para a área econômica, a PEC se tornou tema da CAE mesmo antes de o texto chegar formalmente ao Senado e aliados de Temer acusaram a petista de usar o colegiado para fazer campanha oposicionista contra o presidente Temer.

A senadora do PT contestava, lembrando que representantes do governo federal, que poderiam falar em defesa da PEC, rejeitaram os convites feitos pela CAE.

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Ao final, senadores aliados ao presidente Temer se recusaram a participar das audiências públicas, que se tornaram espaços quase exclusivos para os detratores da PEC. No plenário, contudo, a minoria não teve voz e a PEC acabou sendo promulgada pelo Congresso Nacional, em dezembro.

Balanço

Mas também houve acordos na CAE. Tanto oposição quanto situação concordaram, por exemplo, com a proposta que institui o “duplo mandato” do Banco Central, cuja política monetária passaria a ser definida também a partir de aspectos como geração de emprego, e não apenas “meta de inflação”.

O colegiado ainda deu aval a matérias que limitam os juros do cartão de crédito e Gleisi também conseguiu o voto dos pares para reduzir os subsídios dos parlamentares, de R$ 33.763,00 para R$ 26.723,13.

Não há data, contudo, para a inclusão dos textos aprovados pela CAE na pauta do plenário. A elaboração da “ordem do dia” é uma prerrogativa do presidente da Casa.

Bancada petista tenta assegurar cargos

Com a saída do PT do comando da CAE, que deverá ficar nas mãos do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), a bancada do partido teme perder outros espaços, com o fim da gestão de Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado, em fevereiro.

Por isso, a maioria dos petistas já estaria admitindo o apoio à candidatura do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) para a principal cadeira da Casa, com o objetivo de assegurar determinados postos.

A ideia da bancada do PT, formada por nove parlamentares, a terceira maior da Casa, é permanecer no comando da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, hoje conduzida pelo petista Paulo Paim (RS), e abocanhar também a Comissão de Assuntos Sociais, atualmente com o PMDB.

Outra preocupação do PT é com a nova composição da Comissão Diretora do Senado, formada por sete nomes. Hoje os petistas estão na vice-presidência da Casa, com Jorge Viana (AC), e também na quarta-secretaria, via Ângela Portela (RR).

A cadeira principal da Comissão Diretora deve ficar com o PMDB, por ser a maior bancada da Casa, mas as demais vagas estão sendo negociadas entre Eunício Oliveira e as bancadas.

Pelo Regimento Interno, a distribuição dos cargos deve, “tanto quanto possível”, levar em conta o tamanho das bancadas. Na prática, é o presidente da Casa quem dá a canetada final, a partir das costuras que faz com as lideranças das bancadas, em troca de apoio.

A ala mais radical do PT – como Lindbergh Farias (RJ) e Gleisi Hoffmann (PR) – preferia ver a sigla lançar um nome de oposição a Eunício Oliveira. Mas, a cota moderada da legenda, capitaneada por Humberto Costa (PE) e Jorge Viana (AC), acredita que o apoio ao peemedebista é a única forma de os petistas assegurarem algum espaço de poder no Legislativo.