A desistência do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa da corrida presidencial deste ano torna o cenário eleitoral um pouco mais previsível, uma vez que é pouco provável que novos nomes com potencial de encarnar o “novo” na política surjam até julho. A avaliação é do cientista político da Fundação Getulio Vargas (FGV) Claudio Couto, em entrevista ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

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“Sempre pode aparecer um novo Sílvio Santos, alguém que já esteja filiado a algum partido, mas não vejo hoje nome mais ou menos óbvio para esse papel. O único nome que sobrava além do (apresentador de TV Luciano) Huck era o de Barbosa”, disse o professor, lembrando que o dono do SBT chegou a cogitar, brevemente, se lançar candidato nas eleições de 1989. “Sem Barbosa, a eleição agora tende a caminhar num sentido mais tradicional”, emendou.

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Para Couto, Barbosa era um fator de incerteza no cenário eleitoral, por várias razões. E cita desde o fato de ele não ser um político profissional até dúvidas sobre a sua própria conduta ou preferências políticas, que o agora ex-presidenciável não esclareceu no curto período em que sua candidatura foi aventada. Barbosa se filiou ao PSB no final do período de filiação partidária, em abril, e chegou a ter 10% das intenções de voto, segundo a última pesquisa do Instituto Datafolha.

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Ganhadores

Para o cientista político, todas as candidaturas postas no momento ganham, de certa forma, com a saída de Barbosa do pleito de outubro, uma vez que ele tinha grande potencial de crescimento e atraía eleitores dos dois lados do espectro político. No entanto, as mais favorecidas, teoricamente, seriam as do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que dividia com o jurista o posto de candidatura “antissistema”, e também nomes da centro-esquerda, ao qual Barbosa é mais identificado, como Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede).

“Quem deve estar esfregando as mãos agora é o Ciro. É positiva a retirada do Barbosa porque o PSB fica sem nenhum candidato competitivo nesse momento. Acho o mais natural, dado o posicionamento dos dois partidos”, disse Couto.

Da mesma forma, as candidaturas de centro-direita são as que menos se beneficiam desse novo fato. “O (governador de São Paulo, Marcio) França também poderia aproveitar a situação e tentar puxar o partido para a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), mas acho que isso esbarra na orientação do PSB”, notou.