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Seis jornalistas foram agredidos em São bernardo durante prisão de Lula

Pelo menos seis repórteres foram agredidos ou ameaçados neste sábado, 7, em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, de acordo com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Na sexta-feira, 6, outros três casos de agressão e hostilidade contra a imprensa foram registrados pela associação no local, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, estava desde a quinta-feira. O petista se entregou à PF às 18h41 deste sábado.

Às 15h36, a repórter da TV Band Joana Treptow levou um tapa na mão durante uma transmissão ao vivo. Pelo Twitter, a jornalista contou que foi ameaçada e hostilizada diversas vezes ao longo do dia. No início da noite, ela relatou que teve que deixar o local. “Fui obrigada a tal. Tentamos e conseguimos trabalhamos apesar dos pesares. Ficaríamos mais se não estivéssemos expostos e em perigo. Grupos de baderneiros. Grupos isolados, digo de novo”, escreveu a repórter.

Cerca de uma hora depois, a repórter Gabriela Mayer, da rádio BandNews, foi cercada e levou um tapa na barriga. Segundo a Abraji, uma mulher tentou tirar o celular da jornalista à força.

Uma equipe da RedeTV também foi agredida e acossada enquanto fazia uma passagem para a cobertura sobre a prisão do ex-presidente. O repórter Igor Duarte, o cinegrafista Ricardo Luiz e o assistente Everaldo Guimalhães tiveram que interromper a reportagem ao serem xingados de “golpistas”. Em seguida, os militantes atiraram copos, latas de cerveja e água contra os profissionais. A equipe conseguiu sair do local e ninguém se feriu.

O diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro), delegado Albano David Fernandes, afirmou que os jornalistas agredidos pelos petistas devem procurar a Delegacia Seccional de São Bernardo do Campo, para que possam fazer o exame de corpo de delito a fim de constatar lesões e identificar os agressores. “É nosso dever investigar esse tipo de agressão e nós faremos”, afirmou

Outros dois profissionais da imprensa reportaram hostilidades no fim da tarde. A rádio Jovem Pan reportou que o repórter Caio Rocha foi intimidado e impedido de continuar uma transmissão ao vivo por manifestantes. Bruna Barboza, da Bandeirantes, relatou ter sido cercada e xingada de “fascista”, “elite branca” e “mídia golpista”. “Difícil trabalhar com medo”, publicou a jornalista no Twitter.

Pela manhã, o repórter Pedro Duran, da rádio CBN, foi hostilizado por militantes que atiraram garrafas d’água e grades na direção do jornalista. Ele foi protegido pelo deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) e pelos seguranças do parlamentar.

Em Congonhas, o repórter da Globo Roberto Kovalick foi hostilizado por manifestantes pró-Lula e precisou deixar o local. A informação é da Folha de S. Paulo.

Agressões a jornalistas Curitiba

Equipes de reportagem também foram hostilizadas em frente à Polícia Federal em Curitiba neste sábado. Os maiores alvos são as equipes de televisão, como Globo e SBT. Gritos de ordem contra a imprensa são feitos nos momentos em que os repórteres fazem passagens ao vivo ou gravam falas diante das câmeras. Não há informação sobre casos de agressão físicas.

Os grupos contrários e favoráveis a Lula estão em áreas separadas. A polícia pediu que as pessoas que protestam não usem caixas de som, embora os dois lados já tenham ligado equipamentos de som. O PT promete fazer uma “vigília permanente” na região. O partido tenta alugar um terreno próximo à PF para montar um acampamento.

Clima anti-imprensa

Repórteres do Estado que estavam no sindicato relataram que o clima na manifestação pró-Lula é muito pesado. Pela manhã, o ex-presidente desferiu ataques à imprensa durante seu discurso. Ele chegou a dizer que os veículos de comunicação e o Ministério Público “adiantaram a morte” da ex-primeira-dama Marisa Letícia.

“Um sonho de consumo deles é que eu não seja candidato. O outro é a foto da minha prisão. Imagino a tesão da Veja. Eles vão ter orgasmos múltiplos”, disse.

As agressões a jornalistas têm sido recorrentes nas manifestações contra a prisão de Lula. Houve registros em São Bernardo e em Brasília. Um carro do Correio Braziliense foi apedrejado na capital federal e um fotógrafo do Estado foi atingido por ovos na cidade do ABC paulista na sexta.

Entidades criticam atos de violência contra jornalistas

Entidades de defesa à liberdade de imprensa repudiaram as agressões contra jornalistas. A Abraji voltou a manifestar preocupação e pediu que políticos e líderes de movimentos colaborem para garantir a integridade física dos profissionais de imprensa.

“A Abraji está atenta aos casos de agressão e intimidação de jornalistas, registrando-as e buscando informações. Com tal violência, perdemos todos. Fragiliza-se um dos pilares da democracia: a liberdade de expressão”, comunicou a associação, em nota.

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), a Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) publicaram nota conjunta na sexta contra os ataques à imprensa na cobertura da prisão de Lula.

“Toda essa violência injustificável e covarde decorre da intolerância e da incapacidade de compreender a atividade jornalística, que é a de levar informação para os cidadãos. Além de atentar contra a integridade física dos jornalistas, os agressores atacam o direito da sociedade de ser livremente informada”, comunicaram as entidades.

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