O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso advertiu, em entrevista ao sistema de divulgação, em rádio, do PSDB, que o próximo presidente, a ser eleito em 2010, poderá encontrar “muitíssimas dificuldades” se o atual governo continuar ampliando os gastos públicos “sem prestar atenção no que vai acontecer lá na frente”. Segundo ele, caso receba uma carga “demasiadamente pesada”, o sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisará apertar os gastos. “Terá de fazer um aperto nos gastos que este governo ainda não fez. Como o quadro geral mundial estará pior do que o atual, será uma herança pesada para o próximo governo”, afirmou.
Fernando Henrique acrescentou, porém, que ainda há tempo de “frear os gastos correntes” nos próximos dois anos. “A taxa de investimento é baixa no Brasil, o investimento público continua baixo, apesar de todas as propagandas do PAC – que eu chamo de Plano de Aceleração da Comunicação, porque mais fala do que faz. Nós temos problemas de infra-estrutura, problemas nos portos, problemas de geração de energia que já está atrasada”, prosseguiu.
Em relação à alta dos juros, o ex-presidente avaliou que a última decisão do Copom foi necessária. “Ela foi necessária porque não houve contenção da expansão do gasto público, ficando só por conta do Banco Central o controle da inflação. O Banco Central não tem outro instrumento senão aumentar os juros”. Fernando Henrique pediu, mais uma vez, colaboração do governo federal na redução do gasto fiscal. “E isso não está sendo feito. Agora como parece que a pressão inflacionária, sobretudo dos produtos de alimentação, ficou um pouco menor, quem sabe o Banco Central não impõe ainda mais altas taxas de juros, o que acarretará, evidentemente, na redução da taxa de crescimento”.