Não há caos na saúde pública paranaense, foi o que garantiu, ontem, o secretário de Estado da Saúde, Gilberto Martin. Em visita à redação de O Estado do Paraná, ele assegurou que o Estado vem investindo pesado na construção e ampliação de hospitais e na organização do fluxo de demanda de atendimento médico, além de reafirmar que a distribuição de medicamentos já está regularizada em praticamente todo o Estado.
Na semana em que completou um mês à frente da secretaria – assumiu o cargo em 24 de outubro, substituindo Cláudio Xavier-, Martin revelou que seu grande objetivo nos próximos três anos de governo Requião é organizar o fluxo de atendimento de média complexidade, reduzindo o tempo de espera e as filas para consultas e exames médicos. ?Para isso, além de ampliar e construir hospitais, precisamos aproveitar ao máximo a estrutura já existente, uma vez que, enquanto há uma grande demanda em grandes centros, existe uma capacidade ociosa de atendimento?, disse, revelando que hoje os municípios enviam seus pacientes para qualquer outro município com estrutura, sem nenhum controle desse fluxo. ?Nossa intenção é organizar o sistema em regiões e microrregiões para estabelecermos onde serão atendidos os pacientes de cada município e, assim, termos noção exata da demanda?, destacou.
Assumindo a secretaria em meio à crise dos medicamentos, Martin reconheceu que o Estado chegou a sofrer com falta de remédios especiais, mas que a distribuição já está regularizada. ?Todos os medicamentos que estão na portaria do Ministério da Saúde, ou que não estão, mas têm sua eficácia comprovada, estão sendo distribuídos?, informou. O secretário atribuiu a crise, que, para ele, ocorreu entre março e junho, ao crescimento das demandas judiciais, pacientes que ganham na Justiça o direito de receber medicamentos. Segundo o secretário, o gasto anual do governo com os medicamentos especiais subiu de R$ 18 milhões para R$ 150 milhões em três anos. ?O problema é que muitos desses remédios, e geralmente os mais caros, não têm eficácia comprovada. Eu, pessoalmente, sou contra tirar recursos de outras áreas para comprar esses medicamentos?, disse. Para isso, Martin promete para janeiro uma tabela de classificação desses medicamentos, num trabalho conjunto com o Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil e Associação Médica, entre outras entidades, com o objetivo de estabelecer regras para a distribuição de medicamentos sob demanda judicial.
Martin questiona promotor
O secretário da Saúde Gilberto Martin também voltou a questionar as investidas do promotor de justiça Fuad Faraj contra o governo do Estado por ?descaso? com a saúde pública em Ponta Grossa. ?A região de Ponta Grossa tinha 17 leitos de UTI em 2003 e hoje conta com 89, todos implantados com recursos do Estado. Além disso, investimos R$ 3,5 milhões na reforma do Pronto- Socorro Municipal e R$ 17 milhões na construção do Hospital Regional de Ponta Grossa. É óbvio que morre gente nos hospitais de todo o Estado, mas isso não pode ser atribuído à falta de leito ou negligência?, comentou.
Ontem, através da Agência Estadual de Notícias, o secretário-chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro, também rebateu as acusações do promotor, que quer a responsabilização do Estado por não destinar o porcentual mínimo de 12% do orçamento para a saúde. Iatauro disse que os números de 2006 já constam no relatório prévio do Tribunal de Contas, e que mostram um investimento de 12,46% na área. Iatauro disse ainda que ?o Estado vai fechar este mês com 14,21% de investimento na saúde?.
