Se o governador José Serra (PSDB) ainda desconversa quando indagado sobre a candidatura à Presidência da República, o secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, João Sampaio, admitiu que irá “trabalhar para elegê-lo” sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Vamos trabalhar para eleger o governador José Serra e depois a gente conversa”, disse Sampaio na primeira entrevista do SPChat, um dos canais oficiais de comunicação do governo paulista na internet, ao ser questionado pelo internauta Paulo Afonso, de Campinas (SP), sobre como enxerga a possibilidade de ser ministro da Agricultura de Serra.
Sampaio disse ainda que o fundamental neste momento é cumprir as metas do governador, “que sempre cobrou emprego e renda no campo”, agradeceu o elogio do internauta, o qual afirmou que ele fazia um bom trabalho como secretário, e repetiu: “Vamos trabalhar para elegê-lo, depois a gente cuida de outras coisas”. Sampaio está no governo Serra desde o começo, em janeiro de 2007, e, apesar das pressões, não é filiado a partidos políticos.
A pergunta que gerou o comentário de Sampaio sobre Serra foi a única sobre política e a última da entrevista de 50 minutos do secretário ao SPChat, no início da tarde de hoje. Parte da entrevista, feita em um estúdio, está transcrita e disponível no endereço eletrônico http://chat.saopaulo.sp.gov.br/. O próximo convidado do SPChat será o ex-governador Geraldo Alckmin, secretário de Desenvolvimento de São Paulo, líder com folga em todas as pesquisas de opinião entre os pré-candidatos ao governo paulista. Alckmin falará no próximo dia 28, às 14 horas.
Na entrevista, Sampaio afirmou ainda ser um “crítico feroz” do Plano Nacional dos Direitos Humanos (PNDH) ao ser indagado por dois internautas sobre os impactos do documento para a agricultura. Para ele, a agricultura foi tratada “de maneira preconceituosa, de maneira ideológica”. O secretário lembrou que existe um movimento do próprio ministro da Agricultura (Reinhold Stephanes) para rever partes do plano e considerou “entre outros absurdos” a necessidade de ser feita uma audiência pública antes de o juiz tomar qualquer decisão sobre reintegração de posse em áreas invadidas.
Sem citar nomes, o secretário criticou a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, provável adversária de Serra na disputa à sucessão de Lula. Sampaio considerou “uma coisa grotesca” o fato de a Casa Civil ter aceitado um plano que pode gerar um “aumento no número de invasões” e considerou a posição em relação às ocupações “um desestímulo do produtor agrícola” e completou: “esse é o pior estrago que pode ser feito nesse momento. Eu acredito que a união de esforços vai fazer com que o governo federal reveja essa questão”.