Depois do trabalho a frente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), o jornalista Paulino Viapiana vai ser o encarregado de melhorar a estrutura da Secretaria de Estado da Cultura a partir de janeiro.
Viapiana afirmou a O Estado que pretende retirar a carga personalista de cada órgão pertencente às estruturas culturais, implantando conselhos curadores para planejar a programação do Museu Oscar Niemeyer (MON), do Centro Cultural Teatro Guaíra e da Rádio e Televisão Educativa (RTVE).
O Estado – O que precisa ser mudado na Secretaria de Estado da Cultura para que a área cultural tenha mais destaque no Paraná?
Paulino Viapiana – Uma das primeiras medidas será devolver a harmonia que foi perdida nos últimos tempos. Hoje, as estruturas do MON, do Guaíra e da RTVE não se comunicam entre si nem com a Secretaria de Cultura. É preciso implantar uma diretriz de governo entre elas e essa mudança já vai significar um grande avanço.
OE – Em Curitiba, temos a lei municipal de incentivo à cultura e outros editais de incentivo. É possível pensarmos em incentivos similares no Estado? Por que hoje temos essa dificuldade?
PV – Atribuo isso a uma falta de articulação e planejamento estratégico do governo do Estado, que se preocupou em desenvolver áreas como educação e agricultura, mas nunca colocou a cultura como questão estratégica nesse planejamento.
É uma falta de visão estratégica das gestões que passaram por aqui nos últimos anos. Não houve preocupação, então não se tem fomento, tem cada estrutura agindo independente. É preciso dotar o Paraná de uma estrutura legal de fomento e apoio à cultura.
Pretendemos encaminhar à Assembleia Legislativa a proposta do Programa Estadual de Fomento à Cultura, com a previsão de criar incentivos fiscais por lei para o setor, garantindo o financiamento cultural.
OE – Ainda sobre o incentivo cultural, temos hoje no Estado uma nova geração de cineastas sendo formada nos cursos que aqui se instalaram com o passar dos anos e que reivindica maior apoio. Os editais para a área cinematográfica também são escassos. É possível avançar nesta questão?
PV – Está no plano de governo, assinado e registrado em cartório, o compromisso de retomar e ampliar o prêmio estadual de cinema. O que posso dizer é que nenhuma decisão será tomada de cima para baixo, tudo será devidamente discutido com todos os setores envolvidos, assim como fiz na FCC. Não queremos simplesmente fazer mais um festival de cinema, mas sim transformar o cinema no Paraná em algo importante e que atraia investimentos.
OE – Como melhorar o acervo do MON e atrair exposições de maior destaque para o Paraná?
PV – Temos também o compromisso de instituir um conselho curador para o MON, além de outro para o Guaíra e um terceiro para a RTVE. Será uma instância coletiva, com representantes da comunidade, do poder público, das classes artísticas.
Não sabemos como será o modelo ainda porque não queremos impor nada. Mas imediatamente após a posse vamos estabelecer isso. As instituições que hoje são personalistas, com base no gosto de quem administra, passarão a ter orientação de um conselho que vai decidir que tipo de exposições preferencialmente será feito, como gastar os recursos, qual linha vai se seguir.
Não estou inventando a roda, qualquer museu do mundo tem uma curadoria que faz isso. Assim, retira-se a autoridade do presidente ou diretor de cada órgão decidir sozinho o que cada estrutura vai fazer, seja no MON ou na grade de programação da Educativa, por exemplo.