?Se eu vier a ser candidato a prefeito será para cumprir os quatro anos?. O prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), que garante ainda não ter se decidido sobre sua candidatura à reeleição, refutou a possibilidade de se reeleger e deixar a Prefeitura em 2010 para disputar as eleições estaduais. Essa foi uma das declarações do prefeito que recebeu a melhor avaliação no País. Beto conversou com O Estado em seu gabinete para uma avaliação do ano de 2007 para a administração de Curitiba.
O Estado – Como foi o ano de 2007 para o prefeito Beto Richa e para a administração de Curitiba?
Beto Richa – Ambos foram muito bons. Curitiba indo bem, eu fico feliz, me sinto muito bem. Conseguimos fazer muitas obras, que os curitibanos identificam visualmente. Foram 3.020 obras, em todos os bairros da cidade. Muitos programas implantados, para fecharmos três anos de administração com avanços muito significativos.
Destas obras, quais o senhor destacaria como as mais importantes do ano?
Beto – Neste ano, a principal realização foi conseguir definitivamente iniciar as obras da Linha Verde. Depois de um longo período de trabalho e perseverança junto aos representantes do BID (Banco Iteramericano de Desenvolvimento), conseguimos reaver uma obra que estava perdida e, finalmente iniciar os trabalhos. A saúde também recebeu uma atenção especial de nossa administração, com investimentos maciços, a contratação de aproximadamente 1500 profissionais, a construção de quase 50 equipamentos de saúde e os mini-hospitais. Estes representaram o grande avanço, sem similares no Brasil, com equipamentos de ultima geração, leitos para internamento e área exclusiva para crianças. Fomos reconhecidos como melhor serviço do Brasil e estamos prontos para atender a região metropolitana e o pessoal do litoral que vem em busca de um atendimento de qualidade. Mas é claro que a saúde sempre precisará de mais investimentos, estamos longe de uma saúde ideal, pois cada vez aumenta a demanda.
Por falar em reconhecimento, o prefeito de Curitiba fecha o ano com um bom indicativo nas pesquisas de opinião, tanto na intenção de voto quanto na avaliação da administração. Como é ser apontado como o melhor prefeito do Brasil?
Beto – Pois é, fantástico. Sem dúvida que é gratificante, eu fico lisonjeado pela generosidade e reconhecimento da população e isso nos motiva a trabalhar cada vez mais. Eu tenho o dever de dividir esse reconhecimento nacional da nossa administração com todos que façam parte dela: seja a minha equipe, sejam os servidores públicos, dedicados e competentes e todos os curitibanos, que através do estilo democrático que aplicamos na administração da cidade, têm a possibilidade de participar ativamente das principais decisões de nossa administração. Fechamos o ano com 200 audiências públicas com a participação de dezenas de milhares de pessoas, reivindicando, sugerindo melhorias e investimentos para os bairros. Esse estilo de administrar, transparente e democrático, nos garante plena sintonia com a população. Nós sabemos o que a população de cada comunidade de Curitiba espera de seu prefeito, espera da administração.
E qual foi o principal problema enfrentado pela Prefeitura de Curitiba em 2007?
Beto – O principal problema foi o corte do FDU, a discriminação do governo do Estado com relação a Curitiba. Financiamento contratado de quase R$ 64 milhões para obras de vital importância para a cidade, muitas avenidas que seriam revitalizadas, a implantação de um anel viário para a melhoria das condições de trânsito e a construção do mais moderno hospital do idoso do Brasil. Tudo isso foi negado a Curitiba. As principais avenidas que necessitam de revitalização nós estamos fazendo, aos poucos, com recursos próprios, com esforço da Prefeitura. Agora outras, será muito difícil, ao menos por enquanto
E agora, existe alguma relação entre a Prefeitura de Curitiba e o governo do Estado?
Beto – Lamentavelmente não, mas a Prefeitura tem sobrevivido muito bem. Sou um político democrático, converso com todas as alas, com todas as correntes políticas, tendo um relacionamento muito bom com entidades, câmara municipal, políticos, exceto o governo, que resolveu penalizar a cidade. Mas não é só Curitiba, outras cidades onde ele (o governador Roberto Requião) foi derrotado, Paranaguá, União da Vitória, Foz do Iguaçu, têm sido discriminadas também. É lamentável esse tipo de prática política absolutamente reprovável, penalizando uma população inteira.
Outro problema que o senhor enfrentou foi com o afastamento de seu chefe de gabinete. Isso interferiu na sua administração?
Beto – A pesquisa demonstra que não. Esse é um problema pessoal dele com a Assembléia Legislativa, que não interferiu em nada na administração.
2008 é um ano diferente, já que é ano de eleição municipal. O que ainda pode ser feito em Curitiba?
Beto – Dá para fazer muita coisa ainda. A nossa prioridade é o trabalho, é a administração, tanto é que tenho evitado falar em reeleição neste momento. Temos muitas obras programadas para a cidade, um grande planejamento de programas e projetos que vão acontecer no ano que vem. Eu nunca deixo que interfira. Ano passado agi dessa maneira, baixei uma norma aqui na Prefeitura e em todas as secretarias não admitindo atividades políticas durante o expediente.
Quatro anos é tempo suficiente para um prefeito implantar tudo o que planeja para uma cidade?
Beto – Não, tudo não. Nós implantamos quase tudo porque fomos ágeis, competentes. Com uma equipe bastante afinada, coesa, com muita sinergia, nós conseguimos honrar quase todos os compromissos de campanha. Estou muito contente e realizado com o que foi feito até o momento e até o ano que vem vamos continuar no ritmo acelerado e na motivação do primeiro dia de nossa administração.
E quando Beto Richa irá decidir se será candidato à reeleição?
Beto – Às vesperas da convenção (em maio ou junho), e quem vai decidir não sou eu, são todos os curitibanos.
Mas, nas recentes pesquisas, os curitibanos já não sinalizaram que querem a reeleição?
Beto – Hoje, né? Mas hoje eu não estou pensando nisso. Agradeço a lembrança, o reconhecimento, mas nós vamos decidir, através de pesquisas, às vésperas da convenção, daí vou conversar com os companheiros sobre a conveniência de ser candidato à reeleição e dar continuidade aos projetos.
Essa sua dúvida quanto à reeleição tem relação com uma possível candidatura para o governo do Estado em 2010?
Beto – Não. Eu não estou pensando nem no ano que vem ainda, 2010 nem passa pela minha cabeça. Evidente que, um dia, ficaria honrado se conseguisse chegar ao governo do Estado, o cargo maior do Paraná, que já foi ocupado por meu pai, e eu gostaria sim de dar minha contribuição para o meu Estado. Mas no momento, não penso nisso. Eu sempre uso a frase de que não sofro do mal da ansiedade que está presente na classe política, que quer sempre antecipar etapas. Tudo tem de ser no seu tempo. Candidatura majoritária depende de uma conjuntura, de avaliação popular, de uma aliança, ninguém é candidato sozinho. Eu estou tranqüilo, tudo tem de ser construído pensando em cada etapa.
Mas há uma preocupação, entre seus aliados, da possibilidade de o senhor se reeleger mas deixar a Prefeitura dois anos depois para disputar o governo do Estado.
Beto – Essa hipótese não existe. Seu eu vier a ser candidato a prefeito, será para exercer por quatro anos.
Alguns partidos condicionam apoio à sua reeleição à escolha de seu vice, uma vez o atual vice-prefeito, Luciano Ducci, apoiou Roberto Requião no segundo turno das eleições do ano passado. O senhor pensa em trocar seu vice?
Beto – Se eu não estou discutindo nem a minha candidatura, que dirá do vice. O Luciano é um grande parceiro, tem feito um grande trabalho, é humilde e muito competente, não tenho nenhuma queixa, mas, se vier a ser candidato, iremos avaliar o vice no momento oportuno.
O que o curitibano pode esperar do último ano deste mandato do prefeito Beto Richa?
Beto – Pode esperar muito trabalho, um ano de muitas realizações, de importantes avanços pela cidade, continuar nesse mesmo ritmo para tentar manter esse alto índice de satisfação, com o mesmo entusiasmo e a mesma dedicação.