Diálogos interceptados pela Polícia Federal na Operação Lava Jato deixam claro que aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendiam que ele fosse nomeado ministro para se livrar de uma possível e iminente ordem de prisão. A estratégia para blindar o líder petista – que foi anunciado chefe da Casa Civil nesta quarta-feira, 16 – vem sendo categoricamente negada pelo governo e alguns dos principais líderes do partido.
Logo após o Ministério Público de São Paulo pedir a prisão preventiva de Lula, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, telefonou para o então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, para discutir a situação.
“O louco do Conserino (Cássio Conserino, promotor em São Paulo) pediu a preventiva do Lula”, relatou, pedindo que o ministro enviasse aliados a São Paulo.
Mais adiante, Falcão questionou: “Se nomear ele hoje, o que acontece?” Wagner respondeu não saber naquele momento a consequência. “Consulta isso também”, emendou o presidente do PT, explicando que, embora Lula ainda não estivesse decidido sobre a ocupar um cargo no primeiro escalão do governo, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o movimento sindical e vários correligionários o pressionavam a fazê-lo.
Demonstrando nervosismo com a situação, Wagner afirmou: “Acho que tem de ficar cercado em torno do prédio dele e sair na porrada”. O presidente do PT, em seguida, pediu que a presidente Dilma Rousseff fosse avisada: “Alerta a presidente, toma a decisão de Estado Maior aí, e mantém a gente informado”.