A candidata Marina Silva (PV) afirmou hoje que, se eleita para a Presidência da República, vetará o projeto de lei que altera o Código Florestal Brasileiro e flexibiliza as regras para a preservação ambiental. A proposta de reforma foi aprovada ontem em comissão especial da Câmara dos Deputados. A votação no plenário só deve ocorrer após as eleições e o projeto ainda será analisado pelo Senado. Marina, ex-ministra do Meio Ambiente, classificou o texto aprovado como um “grande retrocesso” na legislação ambiental.
“Com certeza, eu vetaria, porque ele é um desserviço”, disse, ao visitar a Feira Internacional da Moda em Calçados e Acessórios (Francal), no Anhembi Parque – Centro de Eventos e Convenções da Cidade de São Paulo. Ela defendeu a pressão da sociedade contra as mudanças, a exemplo do que ocorreu na aprovação do Projeto Ficha Limpa, que impede políticos com condenação na Justiça de concorrerem a cargos eletivos. “A sociedade vai revogar essa medida pela mobilização social. Não podemos continuar sujando a ficha das nossas florestas com esse tipo de retrocesso”, disse. “Espero que a gente possa dar uma resposta como cidadãos à tentativa do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) de dizer que nós, brasileiros, não somos os donos da floresta, que alguns poderão ter o domínio dela.”
Programas sociais
A candidata do PV recusou-se a entrar na disputa travada entre petistas e tucanos pela paternidade de programas sociais. De acordo com Marina, quem tem compromisso com o combate à pobreza não precisa entrar nessa briga. Para a candidata do PV, o comportamento dos candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) demonstra “insegurança”. “Quando se tem um compromisso visceral com o combate à pobreza, como tem o presidente Lula e como eu tenho, você não precisa ficar lutando pela maternidade ou paternidade. O compromisso com o combate à pobreza é algo que se tem no DNA. É por isso que eu não faço essa concorrência.”
Marina prometeu que, se eleita, manterá e aperfeiçoará o programa de transferência de renda Bolsa Família. Questionada sobre as alterações de última hora feitas por Dilma no programa de governo enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a candidata tentou evitar polêmica. “É um momento de cada candidato afirmar o seu programa. Eu prefiro falar do que eu, conscientemente, assinei em baixo e sabia que estava enviando como plataforma.”
Marina classificou como “preocupante” o fato de candidatos assumirem compromissos que não conseguem sustentar. “Nessa campanha, isso acontece muito. Os que estão dizendo agora que vão fazer isenção de impostos são os mesmos que ficaram e não fizeram durante os últimos 16 anos.”
A candidata caminhou pela Francal por pouco mais de uma hora e foi recebida com simpatia por expositores e visitantes. Marina fez os diretores da Francal rirem ao falar com os jornalistas que se acotovelavam em busca de uma imagem dela: “Evitem acidente. Marina presidente.” O bordão inventado foi repetido pela candidata presidencial durante boa parte do trajeto. Ainda tímida, mas sempre sorrindo, Marina pediu a quem lhe cumprimentava “uma força” nestas eleições.
A candidata verde foi presenteada por expositores com uma flor de lapela feita de forma artesanal, uma presilha de cabelo e um par de sapatos com a bandeira do Brasil. Ao agradecer esse último presente, Marina brincou: “O Brasil parou de correr atrás da bola, mas eu vou continuar correndo atrás de votos.”