O primeiro discurso do deputado estadual José Domingos Scarpellini (PSB), após 15 anos afastado da Assembléia Legislativa, serviu para mostrar aos seus companheiros de parlamento como será sua conduta nos próximos quatro anos. Em poucas palavras, ele procurou recolocar as coisas na ordem natural, desacreditando qualquer tentativa de inversão dos fatos por parte do ex-deputado Antônio Celso Garcia, Tony Garcia, que após ficar quase noventa dias preso, foi à imprensa se declarar um perseguido político. "Ele não é nenhum preso político e sim alguém que levou muita gente na boa-fé, fraudando o sistema financeiro", salientou.
Scarpellini foi prefeito de Apucarana e secretário de governo da administração anterior do governador Roberto Requião (PMDB), enquanto esteve fora do parlamento. Por isso, não chegou a freqüentar a Assembléia junto com Tony Garcia. "Graças a Deus não trabalhei junto com ele. Mas os deputados que conviveram com ele aqui apoiaram meu discurso, justamente por conhecê-lo", disse, contando que o ex-deputado supostamente freqüentava a Assembléia armado.
Conforme o deputado, o discurso foi feito justamente para manifestar a vontade da maioria. "Esse discurso foi feito pela voz da rua, da população que é contra tentativa de inversão do fatos", afirmou.
Ridículo
As tentativas de se inocentar de culpa no caso do Consórcio Garibaldi e da empresa Eldorado, assim como culpar o empresário Paulo Pimentel pela sua prisão, foram taxadas como ridículas por Scarpellini no plenário da Assembléia. "Este cidadão, que cometeu crime de colarinho banco, que ludibriou toda uma população, que roubou o sonho de homens e mulheres com o malfadado Consórcio Garibaldi, que deu um golpe de R$ 40 milhões, quer ser comparado com Graciliano Ramos, quer escrever como se fosse vítima seu diário do cárcere. Quer ser comparado a homens cuja memória o Brasil reverencia, como Luís Carlos Prestes, Rubem Paiva, Olga Benário, Gregório Bezerra, capitão Lamarca e tantos outros. Quer ser colocado na galeria de Antônio dos Três Reis, herói tombado da minha juventude, da cidade de Apucarana", ironizou em seu discurso.
