Ao contrário da sucessão estadual, sobre a qual se recusa a comentar, o ex-ministro Euclides Scalco (PSDB) acompanha de perto as articulações para a disputa presidencial.
Scalco defendeu ontem, 19, um acordo entre os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, para a composição da chapa do PSDB. Scalco acha que Serra deve concorrer à presidência, com Aécio de candidato a vice-presidente.
Esse entendimento deve ocorrer o mais cedo possível, disse Scalco, que criticou o que considera antecipação da campanha eleitoral pelo presidente Lula. “Se o Lula já está em campo levando a Dilma Rousseff a tiracolo e violando a lei, quanto mais demorarmos, mais perdemos”, disse Scalco.
Ele cobrou do PSDB nacional uma ação para questionar os atos do presidente da República que poderiam configurar campanha eleitoral antecipada. No final da tarde, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) anunciou que o partido apresentará ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ação contra o presidente Lula acusado de “propaganda eleitoral antecipada” em sua viagem ao vale do Rio São Francisco, na semana passada.
Scalco esteve na Assembleia Legislativa acompanhando a solenidade de entrega do título de Cidadão Honorário do Paraná ao senador gaúcho Pedro Simon, do PMDB.
Scalco e Simon foram colegas de classe em um colégio de Porto Alegre, onde o tucano cursou o antigo curso Científico e o peemedebista se formou no Clássico (ambos equivalentes ao atual Ensino Médio).
A chapa “puro sangue” do PSDB iria juntar dois dos principais colégios eleitorais do país, São Paulo e Minas, que somam cerca de 42 milhões de votos, destacou o ex-secretário geral da Presidência da República do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). “Sem esquecer, que o Norte mineiro faz parte da Região Nordeste”, disse Scalco.
Sem palpites
Desde o início deste ano, o ex-ministro tem se mantido em silêncio sobre as articulações políticas locais. Scalco calou-se desde a eleição do ano passado, quando coordenou a reeleição do prefeito Beto Richa (PSDB).
O ex-ministro não revela as razões do afastamento, mas reafirma que foi a última campanha eleitoral do partido da qual participou no Estado. “Não falo mais em política. Estou fora de qualquer articulação. Deixo que os militantes do partido falem”, afirmou.
Questionado por que esse silêncio não vale para as articulações nacionais do partido, Scalco mandou o seu recado. “Eu só dou palpite quando pedem”, comentou.
Sobre suas relações com o prefeito Beto Richa, de quem é padrinho de batismo, disse que a amizade continua a mesma. “Só a política que não”, acrescentou o ex-ministro, que diz que trata de temas como futebol com Beto.