Vestida de vermelho dos pés à cabeça, a pré-candidata do PT à Presidência da República em 2010, ministra Dilma Rousseff, foi saudada ontem em São Paulo por aliados como a próxima presidente do País.

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O evento no Centro de Convenções do Anhembi marcava a abertura do 12º Congresso do PCdoB, mas acabou emprestando palco a uma convocação geral da base aliada em nome da união de forças pela candidatura de Dilma nas próximas eleições.

Em um momento de caça a apoios políticos para 2010, tanto por petistas quanto por tucanos, a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de oito ministros foi uma forma de prestigiar um importante aliado do PT nas eleições.

Lideranças como a ex-prefeita Marta Suplicy, o presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini, e o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), também marcaram presença na cerimônia.

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Em um esforço para mostrar unidade no PT em torno da escolhida de Lula, Berzoini cumprimentou Dilma como “aquela que será a primeira mulher presidente da República”. Ele fez um apelo à plateia de mais de 800 militantes comunistas: “Com o PCdoB construiremos a unidade que vai levar Dilma à Presidência”.

Apesar dos problemas internos que enfrenta em alguns Estados onde dirigentes estão mais ligados à oposição, como em São Paulo e Pernambuco, o PMDB também mandou um representante diretamente do Rio de Janeiro. O governador Sérgio Cabral reiterou o apoio do partido à Dilma e saudou a ministra como “a futura presidenta” do País.

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Em nome do PDT, o deputado federal Vieira da Cunha partiu para o ataque aos antecessores de Lula, em especial ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). “Essa nuvem de gafanhotos não voltará, ministra Dilma Rousseff.”

Aplausos

A cada citação do nome de Dilma ao microfone, erguia-se da plateia um coro de aprovação e aplausos. Por pelo menos cinco vezes o público bateu palma, de pé, para a fala os oradores. Simpáticos e receptivos, Lula e Dilma atraíram dezenas de pessoas que se aglomeraram em frente ao palco para fotografá-los e filmá-los.

Num discurso de 30 minutos – “longo demais para uma pré-candidata”, como observaria Lula em seguida -, Dilma atacou a oposição e conclamou os aliados para a “tarefa histórica” de dar continuidade à administração petista.

“Agora que as transformações pelas quais sempre lutamos começam a se aprofundar, não iremos deixar que elas escapem das nossas mãos, das mãos calejadas do povo brasileiro”, disse. “É fundamental a união de forças. Todos os partidos da base têm um papel muito importante. Vocês estão sendo desafiados a continuar e a fazer avançar esse projeto generoso de Brasil.”

Dilma associou a oposição a “forças do passado”. “Decididamente os que vão fazer o Brasil avançar não serão aqueles que imobilizaram este País num modelo neoliberal por tantos anos.”

Ela chamou os adversários de Lula de “patéticos”, “desconexos” e “atrasados” ao tentarem aproximar o governo anterior, de FHC, da gestão dos petistas. “Eles não têm moral para falar de nós.”

Fernando Henrique

Sem citar as críticas de Fernando Henrique a Lula, publicadas em um artigo do ex-presidente no último domingo no jornal O Estado de S. Paulo, Dilma revidou: “Como são incapazes de formular um projeto de nação, o que fazem hoje é fabricar um mundo de mistificação, arrogante, em que em seus queixumes e resmungos não conseguem ocultar o excesso de vaidade e a falta de rumo.”

Lula fez sua parte e tentou aproximar Dilma dos militantes presentes ao evento com brincadeiras. Ao falar sobre sua viagem ao Reino Unido nessa semana, o presidente contou ter se encontrado com empresários ingleses na City londrina, “o lugar mais chique de Londres, o miolo do sistema financeiro mundial”, e não deixou de citar a companhia da ministra.

“Vocês não têm noção do que é ‘chiqueza’. E aí a Dilma fez um discurso pequeno, de uns 45 minutos, falou do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) 1, PAC 2, PAC 3. Ela já começou a criar PAC que nem tem ainda, só pra 2040.”

Mais tarde, quando falava sobre os investimentos do governo em saneamento, Lula brincou com a ligação da ministra, mineira de nascimento, com o Rio Grande do Sul, onde iniciou sua trajetória política. “A Dilma, como a mãe do PAC, quer tudo para o Rio Grande do Sul. Eu estou até querendo fazer uma fiscalização lá pra saber se ela é candidata a governadora.”