Para traçar uma estratégia de sobrevivência à frente do comando do Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), não compareceu ontem ao plenário, evitou a imprensa e se reuniu mais de uma vez com sua pequena tropa de choque, os senadores peemedebistas Renan Calheiros (AL) e Wellington Salgado (MG).

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Em meio às pressões para se afastar do cargo, Sarney passou a manhã em seu gabinete em conversas com os dois correligionários e o líder do PTB, Gim Argello (DF). Eles o aconselharam a permanecer no cargo.

No dia anterior, Sarney preferiu ficar em sua residência para não ter de assistir aos insistentes pedidos de senadores, que em discursos duros no plenário defenderam que ele se licencie da presidência da Casa.

Ontem, depois de quatro horas no Senado, Sarney foi embora sem dar entrevistas nem comentou sobre a existência de empresa em nome de José Adriano Cordeiro Sarney, neto do senador, responsável pela intermediação para a concessão de empréstimos com desconto na folha de pagamento de servidores do Senado. Até agora, Sarney não quis comentar o assunto alegando apenas ser vítima de “campanha midiática”.

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Com o plenário praticamente vazio, a sessão de ontem pela manhã no Senado foi tranquila, sem cobranças duras para que Sarney se afaste do cargo. Na véspera, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) fez um discurso pregando que o presidente “tem que sair”.

O destino de Sarney depende, em parte, da decisão do DEM. Uma reunião do partido foi marcada para a próxima terça-feira, quando os democratas decidirão se ficam ou não com o presidente do Senado.

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Os tucanos, que votaram em Tião Viana (PT-AC) para a presidência do Senado, consideram que a situação de Sarney caminha para a “inviabilidade”. O PT também estuda não dar apoio à permanência de Sarney, apesar do PMDB ser considerado essencial na aliança política para as eleições de 2010.

Na tentativa de pôr panos quentes na crise, Heráclito Fortes argumentou ontem que o pedido de licença do ex-diretor geral do Senado, Agaciel Maia, foi um “avanço”. Ele está de licença remunerada, por 90 dias, sob a alegação de que precisa de tempo para se defender das acusações sobre os 663 atos secretos editados ao longo do período em que esteve à frente da Diretoria Geral do Senado.