Sarney retorna ao Senado após reunião com diretora

Com o fim do recesso legislativo, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), retomou suas atividades hoje, mas evitou falar com a imprensa. O peemedebista chegou ao Senado ainda pela manhã sob forte esquema de segurança, e foi para o seu gabinete. Antes de ir para o Senado, Sarney recebeu, em sua casa, a diretora de Recursos Humanos da Casa, Doris Marize Peixoto, que teria levado ao peemedebista informações por ele solicitadas. De acordo com o primeiro-secretário da Casa, Heráclito Fortes (DEM-PI), Sarney ligou esta manhã pedindo que o substituísse em uma cerimônia na Biblioteca do Senado, pois teria “compromissos oficiais” em sua casa.

No momento da cerimônia, Sarney já havia chegado ao Senado. “O presidente Sarney tinha programado a sua presença aqui. Ele estava preparado para vir, mas ele pediu que eu lhe representasse porque tinha compromissos em sua residência”, justificou Heráclito Fortes. Sarney volta do recesso parlamentar alvejado por denúncias que vão da contratação de aliados e parentes por meio de atos secretos a desvio de dinheiro destinado pela Petrobras à Fundação Sarney para empresas fantasmas. O presidente do Senado responde, ao todo, a 11 ações no Conselho de Ética: cinco representações e seis denúncias. O próxima reunião do Conselho será nesta quarta-feira.

Provocado a se manifestar sobre as ações que pesam contra Sarney, o senador Heráclito Fortes pediu para ser “poupado” deste assunto, pois ambos – ele e Sarney – fazem parte da Mesa Diretora do Senado. Ele ponderou, no entanto, que não poderia mais haver “anestesia no Senado”. “Gostaria de ser poupado de comentar o episódio. Sou secretário da Mesa Diretora do Senado, que é presidida pelo senador Sarney”, disse. “A minha vida é minha biografia. Não vou concordar com essa caixa-preta, eu não convivo com sombra. Eu não vou, em um momento como esse, permitir colaborar com um retrocesso na minha biografia. Não pode mais haver anestesia nesta Casa. Esse período de anestesia atingiu a todos nós”, afirmou.