Presidente do Senado pela terceira vez, caberá a José Sarney (PMDB-AP) autorizar o pagamento à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) de cerca de R$ 400 mil por uma prestação de serviço que atendeu, também, a interesses particulares do senador. O montante corresponde ao reembolso dos salários da museóloga dos Correios Laís Scuotto, cedida à presidência do Senado durante oito anos e que, entre outras tarefas, trabalhou no Memorial José Sarney, no Maranhão – espécie de museu que reúne objetos e documentos de quando o peemedebista ocupou a Presidência da República. O reembolso se refere ao período de janeiro de 2003 a junho de 2004 – em 2003, a servidora atuava no gabinete de apoio de Sarney.
O valor inicial exigido pela empresa, em maio de 2007, era de R$ 295.348,22 e está sendo atualizado pela diretoria financeira da Casa, que já deu o seu aval ao pagamento. Em ofício encaminhado ao Senado, em maio de 2007, a chefe do Departamento de Administração de Recursos Humanos dos Correios, Maria Cleide Vieira, ameaçou incluir a Casa na relação de inadimplentes do Cadin – lista que reúne empresas e entidades que não pagam suas dívidas com o setor público federal. “A ECT é uma empresa pública e não recebe recursos para subsidiar a folha de pagamento de seus empregados”, disse a representante da ECT. “Cabe a esse Senado Federal arcar com o ônus da cessão, motivo pelo qual cobramos à época e reiteramos nesta data o reembolso das despesas da cessão da citada empregada.”
Laís Scuotto disse que há cinco anos terminou seu trabalho no Senado. “Fui a museóloga do trabalho de recuperar a memória dos 110 anos do Senado e, paralelamente, dava trabalho de consultoria, com outros arquivistas, ao acervo do presidente José Sarney, em São Luís”, afirmou. Ela disse que ia ao Maranhão “de vez em quando”, mas a maior parte de suas atividades era feita no gabinete da presidência. A assessoria de Sarney informou que vai se inteirar do fato, para depois se manifestar.