Depois de dois meses sem dar entrevistas coletivas, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), cedeu hoje a pedidos de repórteres que cobrem as atividades do Senado e falou à imprensa por três vezes, em momentos diferentes. Foram conversas informais, apesar de Sarney ter acertado com representantes de alguns veículos de comunicação, no início do ano, após sua eleição para a presidência, que só falaria com jornalistas uma vez por semana, em seu gabinete, em horário marcado e com cadeiras para todos se sentarem.
Nas três conversas de hoje com jornalistas, Sarney parecia não se incomodar com o desconforto de estar em pé, em corredores, cercado de fotógrafos, cinegrafistas, entrevistadores e seguranças se acotovelando.
Desde que surgiram as primeiras denúncias de envolvimento de Sarney e de diretores do Senado em irregularidades, porém, as entrevistas estavam suspensas. E Sarney passara a se defender ou em pronunciamentos no plenário ou em notas divulgadas por sua Assessoria de Imprensa.
Ao voltar a conversar com repórteres, hoje, Sarney dá sinais de que quer transmitir a ideia de que a crise está superada. Mas, hoje mesmo, durante a sessão plenária, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sugeriu a Sarney que convocasse uma sessão do plenário para explicar as denúncias. Na avaliação do senador petista, apesar da decisão do Conselho de Ética de arquivar todas as ações contra Sarney, ainda restaram dúvidas.
Sarney respondeu que prepara um documento em que explica todas as denúncias, mas fez a ressalva de que o distribuirá apenas aos amigos. “É um documento pessoal, não é um documento do Senado. Vou distribuir aos meus amigos, a quem devo essas explicações”, disse.