A corrida eleitoral para o Senado em São Paulo promete ser a mais acirrada desde a redemocratização. Entre os nomes, o desafio é conseguir angariar os eleitores indecisos que, às vésperas da eleição, ainda representavam 1/3 do total dos votos em disputa.
Hoje, serão definidos dois dos três senadores de São Paulo, com mandato de oito anos. Na liderança desde o começo da campanha, Eduardo Suplicy (PT) é favorito e pode voltar à Casa após a derrota para José Serra (PSDB), em 2014. Com 27% dos votos, segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada ontem, o petista só perde para brancos, nulos e indecisos. Ele, que vinha caindo nas pesquisas anteriores, oscilou um ponto para cima em relação ao levantamento do dia 3.
No segundo pelotão, Major Olímpio (PSL) subiu quatro pontos e foi a 19% dos votos totais, empatando com Mara Gabrilli (PSDB), que oscilou dois pontos e também está com 19%. Mario Covas Neto (Podemos) se manteve em 14% e é seguido por Maurren Maggi (PSB), que foi de 10% para 12%. Trípoli (PSDB) oscilou de 13% para 11%. Desde 1986, a eleição mais acirrada havia sido em 2010, quando cinco candidatos tinham mais de 10% cada um na disputa por duas vagas.
Na simulação dos votos válidos, Suplicy tem 20%, Major Olímpio e Mara Gabrilli têm 14%, Covas Neto, 11%, e Maurren, 9%. Os senadores eleitos em 2010, Aloysio Nunes (PSDB), que é ministro das Relações Exteriores, e Marta Suplicy (MDB), que disputou a Prefeitura de São Paulo em 2016, mas ficou em quarto lugar, desistiram da reeleição. Serra tem mais quatro anos de mandato.
Polarização
Ante o cenário nacional polarizado, Suplicy apostou as fichas no fato de ser o mais conhecido dos candidatos – em inserções na TV, aparecia sem falar nada, só coando café. O petista também explorou a imagem de defensor de direitos humanos e a sua biografia – foi senador por 24 anos, secretário de Fernando Haddad (PT) na capital paulista e vereador mais votado da história de São Paulo. “Ao invés do discurso do ódio e do desentendimento, minha campanha proclama o amor”, disse. Embora tenha assumido a dianteira cedo, não fez decolar o colega Jilmar Tatto (PT), ex-secretário de Haddad que também concorre ao Senado.
Na disputa, coube ao Major Olímpio assumir a antítese do petista. “Sou a opção inversa do Suplicy”, disse ele, que defende o endurecimento de políticas de segurança, como a revogação do Estatuto do Desarmamento e redução da maioridade penal. Apoiado por Jair Bolsonaro (PSL), Olímpio acredita em uma arrancada na reta final com o engajamento nas redes sociais do “padrinho” – na TV, tinha apenas 7 segundos. “Sem a propaganda eleitoral, acabou a munição dos meus adversários”, disse. “Quem vota no Bolsonaro, vota em mim.”
Tidos como mais moderados, quatro candidatos completam a lista dos que têm chance de se eleger senador. Com uma história de superação e a bandeira de combate à corrupção, a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB), tetraplégica, foi a que mais cresceu. “O eleitor conhece minha biografia e sabe que o combate à corrupção está no meu DNA, faz parte da minha história.” O também deputado tucano Ricardo Trípoli tem a bandeira dos direitos dos animais como principal trunfo. “O senador está sendo o último candidato a ser escolhido pelas pessoas. O jogo está aberto.”
Ex-tucano, Mario Covas Neto aposta na associação com o pai, o ex-governador Mário Covas (1930-2001), e em um perfil generalista. “Não represento um segmento, um tema ou uma região. O nome que carrego é a minha apresentação.” Como proposta, defende diminuir as cadeiras no Congresso. Já a medalhista olímpica Maurren Maggi estreia numa eleição. “A política me dá um poder que eu não tinha como campeã olímpica, e posso fazer muita coisa bonita.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.