Leonardo Gonçalves da Silva, sanfoneiro, 10 anos, ficou frustrado neste domingo, 17, no velório do ex-candidato a presidente da República, Eduardo Campos (PSB), no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo pernambucano. Sua mãe, Luana Gomes da Silva, havia combinado com a viúva Renata Campos que o filho iria fazer uma homenagem ao político, tocando a música Asa Branca, de Luiz Gonzaga. Mesmo na área interna do palácio, o menino não conseguiu ir além do paredão formado pela multidão que disputava espaço no local do velório.
Ele ainda tirou as sandálias e subiu sobre a mesa que antes havia servido de suporte para a missa campal celebrada pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido. Começou a tocar, mas o som se perdeu em meio ao burburinho e às manifestações populares. Muitos gritavam “Eduardo guerreiro do povo brasileiro” e outros pediam “Justiça, justiça” em meio à crença alimentada por populares, de uma suposta sabotagem do avião de Campos, que caiu matando sete pessoas na quarta-feira, 13.
O menino ficou com os olhos cheios d’água, inconsolável. Sua mãe, cega, contou que desde um ano de idade a criança se interessou pela sanfona. Maior, ganhou uma sanfoninha que não produzia muito som e ela fez uma rifa para comprar um bom instrumento para o filho. Não conseguiu e apelou para o então governador de Pernambuco. Mandou uma carta para Campos que, em 2010, foi à casa dela, no bairro da Várzea, zona oeste do Recife, para entregar a sanfona e assegurar uma bolsa de estudos no Conservatório Pernambucano de Música, que Leonardo frequenta.
“Eu havia combinado com Renata, ela sabia que a gente vinha fazer a homenagem,é uma pena que a gente não tenha conseguido chegar a ela”, lamentou.