Mania também entre parlamentares, os grupos de WhatsApp chegaram às bancadas no Congresso. Na Câmara, tem grupos de partido, de segmentos específicos – como ruralista, bancada da bala e de religiosos – e das comissões temáticas. É muito útil para informar sobre reuniões, divulgar notícias de interesse dos integrantes e avisar sobre horário de sessões. Mas também pode ser problema, quando um deputado destoa do grupo, faz comentário indevido e ou posta algo censurável pelos amigos de ‘zap’.
Nem sempre as informações postadas são de real utilidade. A chamada bancada da bala é o exemplo. Esses parlamentares, alguns deles, divulgam piadas picantes e até imagens de mulheres. Coordenador dessa frente, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) contou que foi preciso criar um grupo paralelo só para esse tipo de mensagem. Há então o zap “sério” da bancada, denominado Frente da Segurança Pública, e o outro, mais “descontraído” e menos sério, batizado de Grupo da Bala.
“Era terrível. Postavam de tudo ali. Aí, algumas pessoas reclamaram e criamos outro grupo então para zaps mais proibitivos”, disse Alberto Fraga à Gazeta do Povo.
Os deputados da Comissão de Relações Exteriores, por exemplo, usam o grupo no celular para definir relatorias de projetos. Sempre que chega um projeto novo a presidente do colegiado, Bruna Furlan (PSDB-SP) o disponibiliza no grupo e pergunta quem se interessa em relatar. Quando ninguém se manifesta, ela mesmo assume a relatoria da proposta.
Bruna tem outra história com grupo de WhatsApp. Considerada uma das “cabeças pretas” no PSDB – deputados de uma geração mais nova –, ela deixou o grupo por discordar das posições da maioria. No partido, a parlamentar é mais ligada ao grupo do senador Aécio Neves. A maioria desses tucanos novatos são mais próximos do também senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que não se “bica” com Aécio.
Um caso foi parar no Conselho de Ética. Aconteceu no grupo da Comissão de Fiscalização e Controle. O deputado tatuador Wladimir Costa (SD-PA) foi acusado de ter jogado no grupo uma imagem atacando a filha da deputada Maria do Rosário com comentário jocoso.
O PT o acionou no conselho por conta disso, mas o caso acabou arquivado. Ele negou que o celular fosse seu, apesar de os petistas exibirem várias outras mensagens com o mesmo número onde ele era o protagonista, como num passeio de barco.
Os deputados postam também situações pessoais que vivem fora da Câmara. Depois de se envolver num acidente de carro numa estrada, o deputado Newton Cardoso Filho (PMDB-MG) foi notícia em Minas. Seu carro ficou destruído. Ele tratou de postar a foto do carro no grupo do partido para despreocupar os companheiros.
“Vi a foto no nosso grupo. Escapou por pouco”, disse Celso Pansera (PMDB-RJ) a Cardoso, quando se cruzaram pelos corredores da Câmara.