O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa, afirmou na sexta-feira, dia 14, que a sabatina marcada para o dia 3 de setembro com o indicado para a embaixada brasileira na Bolívia, o diplomata Raymundo Santos Rocha Magno, marca o fim de um conflito diplomático entre os dois países. “Só marquei a data porque o governo brasileiro deu status de refugiado ao senador boliviano Róger Pinto Molina. Dessa forma, viramos a página nesse episódio”, disse.

continua após a publicidade

Molina, parlamentar de oposição ao governo de Evo Morales, fugiu para o Brasil com a ajuda do encarregado de negócios do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia, em 2013. Antes de cruzar a fronteira, ele viveu 455 dias na embaixada do Brasil na capital boliviana. O episódio levou à queda do então ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, que pediu demissão do cargo.

Um dos brasileiros a dar suporte a Molina é o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Ao final de uma viagem de 22 horas de carro, onde passaram por cinco controles militares, inclusive na fronteira, o diplomata boliviano entrou em contato com Ferraço. “Ele me ligou e disse que estava com o senador em Corumbá mas não tinha como levá-lo até Brasília. Eu tentei falar com o presidente do Senado (Renan Calheiros) e com outras autoridades, sem sucesso. Então consegui um avião e fui buscá-lo e levá-lo para Brasília”, afirmou Ferraço à época do episódio.

Ferraço

continua após a publicidade

Na quinta-feira, dia 13, o senador apresentou no Senado um relatório de apoio ao diplomata brasileiro no qual resgata todo o imbróglio envolvendo opositor de Morales. “O marco lamentável desse processo deliberado de limitar nossa capacidade de ação diplomática foi a recusa inédita da Bolívia a conceder salvo-conduto ao senador Róger Pinto Molina, em flagrante desrespeito ao sagrado instituto do asilo diplomático e rompendo uma prática que foi respeitada pelos dois países mesmo durante os períodos de exceção”, diz o texto.

Ferraço elogia o apoio de Saboia para que Molina conseguisse deixar a representação brasileira em La Paz com destino ao Brasil. “Quero chamar a atenção para esse ato heroico e humanitário deste servidor do Ministério das Relações Exteriores. Não lhe sendo dada alternativa que não essa solução porque senão ele poderia ser, inclusive, responsabilizado por omissão, considerando a gravidade do estado de saúde desse asilado (hoje refugiado)”.

continua após a publicidade

Hoje, Eduardo Saboia trabalha para Comissão de Relações Exteriores do Senado. Molina vive de favor em um apartamento funcional em Brasília.

“O Saboia chegou a ser penalizado de forma injustificável e o Molina leva sua vida em Brasília, podendo trabalhar e sair do País. Agora temos que olhar para frente”, acrescentou o senador Aloysio Nunes.

O indicado à embaixada brasileira em La Paz iniciou sua carreira diplomática como terceiro-secretário em 1975. Foi primeiro-secretário em 1982, conselheiro em 1990 e ministro de segunda classe em 1996. “Trata-se de um profissional qualificado para a função”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.