Uma “escolinha” inteira para o secretário de segurança, Luiz Fernando Delazari. O governador Roberto Requião (PMDB) abriu praticamente todo o tempo da reunião do seu secretariado de ontem para que Delazari explicasse a situação da segurança no Estado e rebatesse os “abutres” que criticam o governo pelos altos índices de criminalidade no Paraná.
Delazari explicou como age a secretaria, onde investe os R$ 7 bilhões destinados à pasta nos dois últimos governos Requião e anunciou ações da sua pasta que, segundo ele, contribuem para o combate à criminalidade, como a compra de 4,6 mil viaturas e a capacitação de 80 mil novos policiais na Academia Policial do Guatupê.
Delazari, no entanto, confirmou que o orçamento para a pasta no ano que vem será quase 5% menor que o deste ano (R$ 1,1 bilhão em 2010 contra R$ 1,2 bilhão em 2009), num ano que a previsão orçamentária de R$ 25 bilhões é 5% superior à anterior.
O secretário culpou os governos anteriores pela criminalidade atribuindo à falta de comprometimento social dos antigos governantes o crescimento de uma geração criminosa.
“Boa parte da criminalidade hoje ocorre em decorrência de mazelas sociais. De problemas estruturais históricos, de um passado recente em que o processo educacional público foi abandonado. Então, temos uma geração que viveu esse momento lamentável na historia do País e do Paraná e que, portando, estão suscetíveis a integrarem as fileiras da criminalidade, principalmente a do tráfico de drogas”, disse.
O secretário, que participará como convidado de audiência na Assembleia Legislativa na próxima semana, já mandou recado aos deputados que querem questioná-lo.
“Segurança pública é o assunto do momento. Ela tem de ser encarada de uma forma mais complexa e não com esse discurso simples de dizer que a responsabilidade é da polícia, que a polícia é incompetente, que a polícia é insuficiente, que tem que contratar mais policiais, comprar mais armamento. Que esse governo não faz nada. Essa visão não é real e não resolve os problemas de segurança pública”, concluiu.
O deputado Valdir Rossoni (PSDB), nem esperou a aparição de Delazari na Assembleia para já rebater as declarações do secretário. Rossoni, que iniciou a coleta de assinaturas para a convocação de Delazari (antes de a Mesa decidir convidá-lo) disse que sua assessoria já preparou um mapa da situação da segurança pública no Estado, mostrando, por exemplo, que há municípios que no início da década tinham cerca de oito policiais e hoje têm apenas dois.
“Na região de Guarapuava, há uma delegada para 25 municípios”, disse. “Ele (Delazari), ao menos, teria de admitir que está faltando recursos. E o orçamento do ano que vem é ainda menor”, prosseguiu.
O deputado disse que irá sugerir a substituição de Delazari. “Para mudar esse quadro, só trocando o secretário. Esse é prepotente e não tem diálogo com as polícias, o que gera má vontade. A pasta tem de ter alguém com competência para extrair o melhor de seus servidores”.
Rossoni disse que com levantamento feito por sua equipe fica comprovada a falta de efetivo policial, ao contrário do que declarou Delazari. “Se o Paraná é o Estado que mais investe em segurança, o dinheiro está sendo mal aplicado. Ou o secretário está enganando o governador, ou o governador está fingindo que acredita nele”, concluiu.