Arquivo/O Estado |
---|
Valdir Rossoni: “Eu vou cumprir toda essa reforma administrativa e entregar uma casa totalmente diferente para a população”. |
Que balanço o senhor faz do primeiro mês à frente da Assembleia e das mudanças implementadas?
Foi tanta coisa em um mês que pareceu dois anos. Corte das diárias, diminuição de despesas com efetivos com demissão após o recadastramento, diminuição nos comissionados de 360 para 99. Uma economia de R$ 3,6 milhões. Agora estamos revendo todos os contratos. Por exemplo, um contrato, que estava sendo cobrado R$ 198 mil, conseguimos baixar para R$ 105. Nenhum dos contratos vencidos foram renovados. Os serviços que forem necessários serão licitados novamente. E todos os contratos ainda vigentes estão sendo chamados a baixar seus preços. Quer outro exemplo? Uma latinha de refrigerante era comprada pela Assembleia por R$ 1,80, enquanto, no supermercado, custa menos de R$ 1,00.
E o quê a nova mesa Diretora da Assembleia ainda está devendo?
Achei que poderia ter feito mais rápido duas coisas que tive que ter mais paciência por causa da lei, que é a questão dos aposentados e a questão dos efetivos de 1988 a 1992 que nós estamos revisando. Têm muita irregularidade nas aposentadorias e os efetivos. Por cautela, nós estamos entrando com a Ação Direta de Inconstitucionalidade, embora tenha certeza que essas nomeações são irregulares e podia, com uma canetada, resolver. Fomos prudentes, semana que vem vou visitar a ministra relatora, Ellen Gracie, no Supremo, em Brasília. Vamos explicar para ela as mudanças que estamos implantando aqui e a nossa necessidade de que essa Adin seja julgada com celeridade.
Tem novas ações para o segundo, o terceiro mês de presidência?
Agora não tem mais segundo mês, terceiro mês, tem meu mandato. Eu vou cumprir toda essa reforma administrativa e entregar uma casa totalmente diferente para a população. A meta é economizar R$ 5 milhões por mês. Já chegamos a 3,6 milhões, o que já acho muito bom. Mas com esses aposentados, as efetivações, as revisões dos contratos, conseguimos chegar nesses R$ 5 milhões. Mas já estamos satisfeitos com o resultado.
E para fazer tudo isso, teve resistência interna? E dos deputados?
O que você acha? Claro que teve. De deputados também. Qualquer sistema que você queira fazer mudança radical, tem resistência. Isso é normal. Tem muita gente que estava mal-acostumada aqui. Quarta-feira foi um dia terrível, foi o dia do pagamento. Apareceu na conta bancária das pessoas os cortes as demissões, foi um Deus nos acuda. Eu coloquei uma coisa na minha cabeça. Estou procurando ser uma coisa que não sou: muito simpático, muito receptivo, aberto para o diálogo. Mas mesmo assim, tem gente que não está contente. Agora, no dia que eu agradar todo mundo, é que não vou estar fazendo a coisa certa.
Antes da sua eleição para a presidência, chegou a ser lançada uma segunda candidatura, do deputado Nelson Garcia (PSDB), e o senhor disse que era apenas uma forma de chantageá-lo, por quê?
Porque o inimigo estava do meu lado e sabia de boa parte das mudanças que eu queria implantar. Essas pessoas não tinham coragem de me enfrentar de frente, então usaram um subterfúgio. Eu tinha muito trabalho interno aqui contra minha candidatura por causa dessas mudanças.
De quem?
De deputados que, inclusive, acabaram votando em mim, mas, por traz do pano tentaram, de todas as formas, montar uma frente contra essa possível mudança que lá na época eles só imaginavam.
E a candidatura do Nelson Garcia não saiu. O senhor cedeu a alguma das pressões para que eles desistissem de enfrentá-lo?
Nenhuma. Por eu não ceder que estava difícil. Eu não abri diálogo para tratar sobre a Casa. E aí minha grande dificuldade. Com seguranças, com funcionários da Casa, com os comissionados, com os deputados. Se eu tivesse fazendo concessão, minha eleição seria uma maravilha. Tudo bem que não posso me queixar, já que venci com apoio de quase todos os deputados. Mas, na eleição, não tive o apoio do PT, por exemplo, mas hoje, tenho os deputados do PT como grandes parceiros nessas mudanças.
Uma das críticas que fazem ao senhor é que antes da presidência o senhor já tinha ocupado a primeira secretaria e a segunda secretaria da Assembleia e nunca tinha proposto essas mudanças.
Só com a caneta de presidente podem acontecer as mudanças. Na primeira secretaria, fazem mais de 10 anos. Na segunda, não tive nenhuma ingerência, nunca assinei um documento da Mesa. Mas as passagens que tive pela Mesa me trouxeram uma visão da Casa muito boa, muito aguçada e daí eu fui com o tiro certeiro.
E a briga com os seguranças. O senhor declarou que havia um poder paralelo na Casa quando pediu a ocupação da Polícia Militar. Quando constatou isso?
Depois que o Beto ganhou a eleição para governador, era quase que óbvio que eu seria um candidato à presidência da Asseembleia. E a pressão foi aumentando. No último dia de sessões do ano passado, quando eu fui para o plenário votar, dentro do plenário eu recebia recado dizendo que o Tôca estava louco querendo um sinal meu que tranquilizasse ele. Eu dei o recado, que ia tomar as medidas com ele louco ou com ele manso. Até tinha uma parcela de seguranças com quem eu me dava bem, mas infelizmente eles foram levados pelo Tôca para o precipício.
Com tanta pressão, há o risco do trabalho parar por aí e o Rossoni se enquadar no esquema?
Com o apoio da opinião pública que nós conseguimos, eu seria um verdadeiro idiota se não prosseguir até o fim nessa caminhada. Estamos recebendo reconhecimento da população do Paraná. Agora vamos fazer a interiorização, dia 17, vamos para Londrina, na sequência, Cascavel. Hoje, boa parte dos deputados, principalmente os mais jovens já sentiram a diferença, estão satisfeitos com os resultados. Alguns, que tiveram a imagem arranhada, vão demorar um pouco mais, mas vão recuperando. Eu acho que esse é o grande presente que vamos dar aos deputados. E o fechamento desse trabalho vai ser quando devolvermos o dinheiro que sobrou aqui para o Estado, e daí jogarmos para uma obra importante para o Estado, na saúde, por exemplo. Imagina o que poderemos fazer pela saúde com mais R$ 40 milhões. Quando, pela primeira vez na sua história, a Assembleia devolver dinheiro ao Estado, será o coroamento do trabalho, a prova de que o que foi feito foi bem feito.