Ao receber o cargo das mãos do ex-presidente (e novo vice-presidente) do PSDB Valdir Rossoni, o governador Beto Richa, aclamado novo presidente da legenda, ouviu uma inesperada crítica à sua administração por parte do presidente da Assembleia. Rossoni reclamou publicamente das nomeações de representantes de partidos adversários no governo estadual.
“O governador é nosso maior líder e vai conduzir muito bem nosso partido, mas, sem querer criar constrangimento, preciso falar que nós não reclamamos de nomeações de filiados a partidos aliados, mas tem muito 12, 13 e 15 no governo do Estado”, disse Rossoni, referindo-se aos números de PDT, PT e PMDB, que têm, além do secretário estadual do Trabalho, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB) outros representantes no segundo e terceiro escalões do governo.
Beto, em seu discurso, disse que não há vagas para todos os tucanos que almejavam trabalhar no governo porque ele não vai “aparelhar o Estado para fortalecer o partido às custas do dinheiro público”, frase que voltou a repetir na entrevista após a convenção. “Cada um tem seu estilo. Ele tem o dele, o meu é mais técnico, não vou aparelhar o Estado”, disse, comentando também que “o PMDB é da minha base de apoio”.
Na convenção, os tucanos também discutiram os rumos do partido. Enquanto o novo secretário-geral, deputado Ademar Traiano, anunciou a meta ousada de eleger 200 prefeitos no ano que vem, Rossoni disse que é preciso uma chacoalhada no interior do Estado. “Nas eleições do ano passado, vencemos em 91 municípios, perdemos em 308, algo está errado”, declarou. “Em muitas cidades, íamos a reboque do prefeito do PMDB, em troca de cargos. Agora, o jogo mudou, eles que têm que vir atrás de nós”, declarou.
Beto Richa citou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e defendeu um PSDB “mais próximo da população, ouvindo os sindicatos, o movimento estudantil”. Para Beto, apesar de fragilizado no Congresso Nacional, com a ampla maioria alcançada pelo governo Dilma, o PSDB tem oito governadores, “governando a maioria da população brasileira, a maior parte do PIB. O partido tem que crescer a partir dos governadores”, disse.