Às vésperas das eleições para a escolha da nova direção estadual do PMDB nos anos de 2010 e 2011, o deputado federal Francisco Rossi (SP) acusou a Executiva Estadual de propor regras para constranger os membros com direito a voto favoráveis à sua candidatura. O objetivo, segundo ele, seria garantir a reeleição do atual presidente do partido no Estado, Orestes Quércia. Na presidência estadual do PMDB desde 2002, Quércia foi desafiado por Rossi a menos de dez dias das eleições, que ocorrem neste domingo na Assembleia Legislativa, na capital paulista. Entre 600 e 700 delegados devem comparecer à votação.

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Segundo o deputado, em reunião realizada hoje, a Executiva colocou em votação uma proposta de cédulas diferenciadas por cores, uma para Quércia, outra para Rossi. “Me posicionei muito fortemente contra essa ideia, que obviamente tornaria fácil identificar um voto que deveria ser secreto. Os delegados não são analfabetos. Seria uma aberração”, afirmou Rossi.

Alegando tradição, a Executiva, segundo Rossi, decidiu montar 20 urnas na Assembleia e colocar um fiscal para cada duas urnas. Para o deputado, dez urnas seriam suficientes para que as eleições transcorressem com tranquilidade. De acordo com ele, o objetivo é dividir as urnas e os delegados por regiões, de forma a constranger os eleitores com a presença dos diretores regionais. Rossi disse ainda que pediu à Executiva a lista dos endereços de cada delegado, mas não foi atendido.

“Sou voz isolada na Executiva. Aprovaram regras que me causaram estranheza e alegaram tradição do partido”, disse. “Houve um esquema montado para criar toda sorte de dificuldades para minha chapa, mas acho que vamos arrebentar. Não tenho nenhuma preocupação e confio no desassombro e coragem dos delegados.”

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Em nota, o diretório respondeu que as decisões tomadas pela Executiva foram aprovadas por unanimidade, inclusive com o voto de Rossi. “Os critérios técnicos para a convenção do PMDB são conhecidos e estabelecidos para facilitar o acesso dos delegados, sobretudo aqueles que moram em regiões mais distantes da capital. Não é um privilégio desta convenção. Sempre foi assim. Isso é de conhecimento do senhor Francisco Rossi”, diz a nota.

Chances remotas

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Apesar do otimismo, Rossi tem poucas chances de derrotar Quércia nas eleições. Com base em Osasco, o deputado formou uma chapa com grande maioria dos membros da cidade, sem penetração estadual. Quércia, por outro lado, domina a máquina partidária há cerca de 20 anos e tem em sua chapa o presidente nacional do PMDB e presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, o ex-ministro Delfim Netto, a vice-prefeita de São Paulo, Alda Marco Antônio, e três dos deputados estaduais do partido: Jorge Caruso, Baleia Rossi e Uebe Rezeck.

Quércia garante que o partido está unido em torno de seu nome em São Paulo. “O partido tem história, tradição e queremos que tenha sobretudo futuro. O PMDB em São Paulo está unido. Temos alguma diferença a nível nacional, todo mundo sabe que temos problemas, mas em São Paulo há uma unidade.”