Pressionado pelas denúncias do deputado Roberto Jefferson e pelo escândalo da CPI dos Correios, o PT se movimenta para resgatar sua imagem. Ontem o deputado federal Dr. Rosinha, que integra a corrente da Democracia Socialista, defendeu o afastamento do tesoureiro Delúbio Soares e do secretário de organização, Sílvio Pereira, da direção nacional do PT, pelo menos até a conclusão das investigações sobre as denúncias do deputado Roberto Jefferson (PT).
Também ontem o presidente do diretório regional, deputado André Vargas, participou de encontro do Campo Majoritário do PT em São Paulo, para discutir a situação política nacional. Vargas definiu o evento como "uma defesa do PT por tudo o que ele já fez pela democracia do País. Nós defendemos a ética na política e não admitimos o linchamento moral. É preciso que haja uma investigação transparente, doa a quem doer". Mas o presidente do partido, José Genoíno, resiste em afastar o tesoureiro do partido.
Na última quinta-feira, pouco antes do anúncio da saída de José Dirceu da Casa Civil, um grupo de parlamentares da esquerda do PT protocolou no Palácio do Planalto uma carta pedindo ao presidente Lula a demissão de auxiliares suspeitos de corrupção. Rosinha assina o documento que manifesta "irrestrito apoio" à determinação do presidente Lula de combate à corrupção, elogia as ações da Polícia Federal, da Controladoria-Geral da União e da Procuradoria-Geral da República, apela para o resgate da "bandeira da ética que partidos sem moral para tanto tentam tomar do PT e do governo", e prega a alteração dos padrões de articulação política do governo, com a composição de uma nova base parlamentar de apoio e amplo programa de transformações sociais.
Outro manifesto, de lançamento da candidatura do líder do PT na Assembléia Legislativa, Tadeu Veneri, à presidência do diretório regional, que acontece hoje, em Curitiba, também prega a correção de rumo do partido que teria se afastado das lutas dos movimentos sociais e sindical em favor da disputa pelo parlamento: "Para atingir esse objetivo, o PT aumentou suas filiações desordenadamente, sem critérios. E o que é mais grave: sem proporcionar aos novos filiados as condições de obterem o conhecimento teórico acumulado pela classe trabalhadora, pelas lutas do povo brasileiro e os princípios socialistas".
E conclui: "Nosso partido precisa recuperar o seu patrimônio ético e transformador, construído nas disputas que custaram horas de trabalho, demissões, desconforto, fome e muitas lutas".
