O deputado federal Florisvaldo Fier (PT-PR), conhecido como Doutor Rosinha, um dos 14 deputados petistas que assinaram a proposta de CPI mista dos Correios, disse ontem que a "bancada se sente excluída" do governo federal. "O partido tem 91 deputados e deputadas qualificados, mas nenhum debate estratégico de governo passa pela bancada", criticou. Segundo ele, o apoio para a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito é uma forma de "esclarecer a posição do aliado".
Ele disse ter recebido muitas ligações telefônicas pedindo que retirasse a assinatura, mas manteve sua posição crítica à forma como foi conseguida a base de apoio do governo federal. "Portanto, o problema antecede à assinatura". Segundo ele, "a base de sustentação foi montada no velho modelo político do clientelismo."
De acordo com o deputado, a proposta que o PT apresentou à sociedade era nova. "Por isso tinha que fazer um debate em cima de uma base ética, moral e programática", sugeriu. "Mas não aconteceu debate e nem o partido foi ouvido. Ficou por conta única do governo." No entanto, o Doutor Rosinha afirmou que defende o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. "Acredito na honestidade do Lula e de seu governo", ressaltou. "Se o partido quiser me indicar para a CPI tenho tranqüilidade para defender esse governo porque sei que o Lula é honesto e sério", continuou. "Mas tenho que esclarecer a posição do aliado." Segundo ele, em todas as ligações telefônicas que visavam dissuadi-lo da assinatura colocou esse posicionamento.
Outros deputados petistas também fizeram críticas às pressões. "Não abro mão da minha representatividade. O partido é um espaço de debate, não a ditadura de um só pensamento. Esse tempo já passou", reagiu a deputada Maninha (PT-DF).
O deputado Ivan Valente (PT-SP) também não economizou nas críticas: "José Dirceu está agindo como dono do partido, coisa que ele não é. Esse grupo todo, José Dirceu, Chinaglia, Genoíno, precisa parar de dizer que nós fazemos oposição. Eles é que agem de forma oposta à história, a trajetória e ao programa do PT."