O fim da tarifa única para o transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana é apenas mais um de uma série de fatos que revela a falta de planejamento da Prefeitura. O fracasso de projetos como o do metrô, do bonde, do programa de construção de calçadas e a reciclagem de outros sempre prometidos em período eleitoral e nunca tirados do papel, como o da urbanização da BR-116 e da Vila Olímpica, atesta a decadência de um modelo de gestão que se apoiou sobre a tecnocracia e a ausência quase absoluta de transparência e diálogo com a sociedade.
A opinião é do deputado federal Max Rosenmann (PMDB), para quem o fim da tarifa única no transporte coletivo proposto pelo atual prefeito quebra um princípio da integração que sempre norteou o planejamento na RMC. Princípio, aliás, que está consagrado no artigo 25, parágrafo 3.º da Constituição Federal.
Integração
“Ao estabelecer que para participar do sistema de transporte coletivo da capital, a população de outros municípios vai ter que pagar mais, a Prefeitura está colocando por terra todo o discurso de integração repetido ad nauseam durante a última campanha eleitoral no município”, avalia o parlamentar.
Essa “revelação” feita agora, dois anos depois da eleição, segundo Rosenmann, repete na verdade uma antiga prática do grupo encabeçado pelo atual governador Jaime Lerner e pelo prefeito Cássio Taniguchi, de prometer tudo durante as campanhas eleitorais e depois apostar na falta de memória da população para “apagar” as promessas. Basta lembrar, diz o deputado, do projeto do bonde elétrico, prometido na campanha de 1992 como a grande solução para o transporte coletivo e que nunca saiu do papel.
“Reciclagem”
O caso mais recente envolve o metrô – principal bandeira da campanha de reeleição de Taniguchi em 2000 – e já abandonado dois anos depois. “Isso depois que a Prefeitura promoveu uma verdadeira farra, com uma enorme comitiva viajando ao Japão com despesas pagas pelo contribuinte da cidade para negociar o empréstimo para um projeto que era uma verdadeira caixa preta e acabou não saindo”, afirma Rosenmann.
A urbanização da BR-116 caminha para o mesmo desfecho melancólico. Prometida sucessivamente nas últimas campanhas desde 1988, pelo próprio Lerner, depois por Rafael Greca e por mais duas eleições de Taniguchi, até hoje não saiu do papel.