Documentos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo mostram que o empréstimo de R$ 4,5 milhões concedido pelo Banco Santos a Roseana Sarney e seu marido, Jorge Murad, foi regularizado no Brasil poucos dias antes da intervenção judicial na instituição bancária, em 12 de novembro de 2004. De acordo com reportagem do jornal publicada ontem, esse empréstimo teria sido simulado para ser uma ponte para a governadora do Maranhão e seu marido movimentarem dólares que tinham no exterior.
O dinheiro foi liberado no dia 29 de julho daquele ano, mas só em 5 de novembro – uma semana antes da quebra do banco e da decretação da intervenção da Justiça – as garantias foram registradas, conforme certidões reprográficas no livro 2.820 do 16 Cartório de Notas de São Paulo. Ou seja, quando o Banco Santos liberou o empréstimo em julho não havia formalização de fiança bancária.
Documentos que estão nos arquivos do Banco Santos indicam que, no dia 3 de agosto de 2004, cinco dias após a liberação dos recursos no Brasil, eles transferiram US$ 1,5 milhão para Edemar Cid Ferreira, então dono do banco, por meio de um banco suíço. Esse “pré-pagamento” – expressão usada nos próprios papéis – justificaria então a ausência de garantias de pagamento no Brasil.
Só que, três meses depois, o banco passou a viver o risco de intervenção e abertura de sua caixa-preta. O registro das garantias do empréstimo, às vésperas da tomada judicial do banco, evitou qualquer questionamento por parte das autoridades brasileiras quanto à transação.
Naquele período, o senador José Sarney (PMDB) envolveu-se em outra polêmica ao sacar R$ 2,2 milhões do Banco Santos um dia antes da intervenção. Sarney negou, na época, ter recebido informação privilegiada. Sua família e Edemar cultivam uma amizade de mais de 30 anos.