Adversário político do governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-DEM), e apontado como suposto articulador das denúncias contra o ex-afilhado político, o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) falou hoje, em cadeia de rádio e TV, pela primeira vez sobre o mensalão de Brasília. “É tão vergonhoso, é tão escandaloso, e eu fico numa indignação, eu fico numa vergonha. Meu Deus do céu, como pode chegar nisso aí?”, afirma Roriz, em uma das 30 inserções que o PSC começou a exibir hoje que irá ao ar apenas no Distrito Federal também na quinta-feira e no sábado.
“Por outro lado, eu vejo firmeza na Justiça. A Justiça vai punir, a Justiça vai fazer como ela está fazendo. Então, eu fico… Por um lado, eu fico com profunda decepção, por outro, cheio de esperança que a Justiça cumpra seu dever…”, afirma o ex-governador.
O esquema no qual Arruda é acusado de estar envolvido teria começado ainda no governo de Roriz. Segundo investigação da Polícia Federal, e que deu origem à Operação Caixa de Pandora, deflagrada pela PF em novembro passado, Arruda teria recebido, em 2006, dinheiro de Durval Barbosa, pivô do escândalo, quando o secretário atuava no governo Roriz. Em 2007, senador eleito pelo PMDB, Roriz foi obrigado a renunciar para não perder o mandato. Na ocasião, Roriz foi acusado de quebra de decoro após a divulgação de conversas telefônicas, feitas pela Polícia Civil do DF já sob o comando de Arruda, que o mostravam negociando a partilha de R$ 2,2 milhões.
As declarações de Roriz que começaram a ser exibidas foram divididas em quatro inserções e gravadas na residência dele, no último domingo, segundo informou a assessoria de imprensa do ex-governador do DF. Durante duas horas de gravação, Roriz falou sobre o escândalo que levou Arruda para a cadeia e que conduziu à renúncia do vice-governador Paulo Octávio (DEM). O programa foi gravado em formato de entrevista.
Intervenção
A possível intervenção federal no governo do Distrito Federal é comentada por Roriz em outra inserção. Para ele, trata-se de uma solução “traumática”. “Quando a gente procura pensar numa solução, eu vejo que a intervenção não é a solução. Ela é traumática. Por outro lado, eu acho que quem tem que resolver isso é a Assembleia Legislativa. E a Assembleia precisa ser mais ágil nas soluções das questões internas. Porque a solução efetivamente mais democrática passa pela assembleia Legislativa.”
Roriz é presidente de honra do PSC e pré-candidato ao governo do DF. Na quinta, quando o PSC vai apresentar, no rádio e na TV, seu programa nacional, Roriz vai falar sobre as suas realizações na área do Meio Ambiente. Não haverá menção dele sobre o escândalo de Brasília.