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Roque quer continuar |
O secretário do Emprego e Relações do Trabalho, padre Roque Zimmermann, e o líder do governo na Assembléia Legislativa, Natálio Stica, decidiram permanecer no governo, apesar da resolução aprovada pelo diretório estadual recomendando a entrega dos cargos.
A resolução divulgada ontem foi aprovada pelos membros do diretório em reunião realizada no último sábado, dia 18, quando o partido decidiu que irá atuar de forma independente do governo, desfazendo a aliança selada com o PMDB nas eleições de 2002 e que foi reproduzida nas eleições deste ano em várias cidades do estado.
Zimmermann, por meio de sua assessoria, afirmou que a decisão do diretório estadual não altera sua situação no governo. Anteriormente, o secretário já havia feito declarações públicas dizendo que se tivesse que optar entre o governo e o PT, ficaria com o primeiro. Como o diretório apenas aconselhou o desligamento do governo, não haverá penalidades para quem permanecer no governo. Além da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho, da liderança do governo e da presidência da Celepar, ocupada por Marco Manzoni, petistas ocupam cargos nas regionais de saúde e educação do governo em vários municípios. Segundo estimativa da Casa Civil do governo, são mais de duzentos cargos.
Stica disse que conversa hoje com Requião para comunicar formalmente a decisão do partido e esclarecer sua posição. Stica disse que não vê motivos para deixar a liderança do governo, a menos que o governador peça sua saída. "O partido só oficializou o que já vinha acontecendo. O PT já não estava mais cem por cento com o governo. Vou dizer ao Requião que fique à vontade. O cargo é dele. Mas a minha posição é essa. Fui o comandante de um barco durante a tempestade. Não vou sair agora que vem a calmaria", brincou o líder do governo. Ele já conversou pelo telefone com o governador e sua permanência no cargo é tida como certa.
Rompimento
O texto aprovado pelo diretório estadual sobre a independência acusa Requião de não reconhecer méritos no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de fazer críticas ácidas às políticas econômica e social do governo federal e cita que as divergências levaram o governador do Paraná a aderir ao grupo de peemedebistas que nacionalmente pregam o rompimento com o governo petista. O documento acusa Requião de manter uma relação autoritária com os movimentos sociais e com a sociedade organizada, de desrespeitar os conselhos estaduais formados pela sociedade civil, de não cumprir investimentos mínimos previstos na Constituição Federal em saúde e educação e de se comportar de forma dúbia diante de denúncias contra sua administração.
O diretório deliberou que a partir de agora a relação com o governo será "exclusivamente institucional, ocorrendo portanto, através das instâncias partidárias, mantendo o caráter de total independência, apoiando projetos de interesse para o povo do Paraná".
Em orientação direta à bancada estadual, o documento aponta que os deputados devem deliberar sobre os projetos em votação de forma autônoma, sempre dialogando com a sociedade e se preocupando com direitos, cidadania, ética e transparência.
Dos nove deputados estaduais do PT, estavam presentes ao encontro André Vargas, Elton Welter (líder da bancada), Tadeu Veneri, Angelo Vanhoni e Hermes Fonseca. Os deputados Padre Paulo Campos, Natálio Stica, Luciana Rafagnin e Pedro Ivo Ilkiv não foram à reunião.
Independência foi reação, avalia Caíto
O chefe da Casa Civil, deputado Caíto Quintana, disse que o governo do Estado viu a decisão do PT de se declarar independente do governo como uma reação à posição do PMDB que aprovou a saída do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sobre a crítica feita em resolução do diretório estadual do PT, aprovada no último sábado (dia 18), de que Requião não reconhece as virtudes do governo federal, o chefe da Casa Civil afirmou que o governador do Paraná tem sido um defensor permanente de Lula e, em alguns momentos, mais do que os próprios petistas. "A discordância do governador é em relação ao modelo da política econômica, que valoriza mais o mercado que o país", afirmou.
Requião não comentou a decisão do PT. Ontem, ele estava no Rio de Janeiro recebendo um prêmio pela campanha do desarmamento e segundo sua assessoria, não pretendia se manifestar sobre o assunto. Requião jantou no último domingo com o diretor geral da Itaipu, Jorge Samek, mas o teor da conversa entre os dois não foi revelado.
Para Quintana, a avaliação do governo Requião que consta da resolução do PT é equivocada. De acordo com o chefe da Casa Civil, não procedem as acusações de que o governador é autoritário na relação com os movimentos sociais e que não cumpriu as promessas de investimento em saúde e educação. "Nunca o governador deixou de receber qualquer representante dos movimentos populares. E na saúde e na educação, com este governo, é a primeira vez que o Paraná investe o percentual de recursos previsto na Constituição. Nós estamos aplicando o dobro do que o Lerner aplicava", comparou.
Na resolução, a direção estadual do PT recomenda aos seus filiados que entreguem seus cargos. Quintana afirmou que o preenchimento desses cargos foi decorrente de uma escolha pessoal do governador e que os petistas podem permanecer em seus lugares, independente da decisão do PT. "Eles continuam merecedores da nossa confiança", afirmou o secretário da Casa Civil.
Harmonia
O chefe da Casa Civil disse ainda que apesar das posições, a relação entre os dois partidos será harmônica e o diálogo não será interrompido. "Respeitamos a decisão do PT e vamos buscar conversações sempre em projetos de interesse da população paranaense. Haverá uma conversa caso a caso. Vamos aprofundar as discussões e manter um contato próximo com os parlamentares petistas."
Quintana minimizou o impacto que a nova posição do PT terá sobre a base de sustentação do governo na Assembléia Legislativa. Embora admita que a bancada petista sempre apoiou as iniciativas do governo, Quintana comentou que não foram todas as vezes que os nove deputados do PT votaram alinhados ao Palácio Iguaçu. "Sempre houve dissidentes nas votações", disse. (EC)
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