Filmado pela Polícia Federal (PF) recebendo o que seria uma propina de R$ 500 mil da empresa JBS, o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) é um dos principais homens de confiança do presidente Michel Temer (PMDB). Desde 2011, quando Temer assumiu a vice-presidência, o paranaense Rocha Loures esteve ao seu lado – ora como uma espécie de secretário particular, ora como um dos principais interlocutores do chefe na Câmara. As mesmas funções continuaram a ser desempenhadas com a posse de Temer na Presidência, há um ano.
Empresário do ramo de alimentos (a família é proprietária da Nutrimental), Rocha Loures conquistou a confiança de Temer aos poucos. Elegeu-se deputado federal pelo Paraná em 2006. Logo ganhou espaço na bancada do PMDB. Foi indicado pelo partido para a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, onde se especializou nesses temas. Aproveitou a visibilidade na comissão e ganhou a simpatia dos colegas de partido. Virou vice-líder da bancada.
Contato com Temer
Foi nesse período, em 2008, que passou a ter mais contato com Temer – que era deputado e presidente nacional do PMDB à época. Um ano depois, em 2009, o paranaense foi escolhido por Temer para coordenar sua campanha (vitoriosa) à presidência da Câmara.
Em 2010, Rocha Loures não concorreu à reeleição à Câmara. O PMDB do Paraná tinha outra missão para ele. Foi candidato a vice-governador na chapa encabeçada pelo então senador Osmar Dias (PDT). Osmar perdeu a eleição para Beto Richa (PSDB). E Rocha Loures ficou sem mandato. Mas não sem cargo público. Com a eleição de Dilma Rousseff (PT) para a Presidência e de Temer para vice, o paranaense virou assessor direto do peemedebista. Nesse período, para falar com Temer, qualquer pessoa tinha de passar antes por Rocha Loures.
O paranaense concorreu à Câmara novamente em 2014. Ficou na suplência do PMDB e, desse modo, voltou a assessorar Temer. Ocupou a mesma função de auxiliar de Temer quando o vice virou presidente, em maio do ano passado, com o impeachment de Dilma. A cassação da petista teve o dedo do paranaense. Ele ajudou a articular, por exemplo, a formação da comissão especial que aprovou o impeachment. Também foi ele quem coordenou a queda de Leonardo Picciani (RJ) da liderança do PMDB da Câmara. Picciani era aliado de Dilma.
Rocha Loures só deixou o cargo para voltar à Câmara, na vaga aberta pela nomeação do deputado Osmar Serraglio para o Ministério da Justiça. Ele conversou com Temer e perguntou ao presidente o que ele desejava: continuar na assessoria especial da Presidência ou assumir o mandato. Temer pensou por dois dias e avisou que precisaria dele na Câmara. Recebeu uma incumbência pessoal de Temer no retorno ao Congresso: auxiliar o Planalto a aprovar as reformas da Previdência e trabalhista. Agora é acusado de auxiliar Temer em assuntos bem menos republicanos.
Outro lado
A Gazeta do Povo ligou para o celular de Rocha Loures no intuito de que ele posicionasse sobre as acusações. Deixou recado na caixa postal. Até o momento, não houve retorno.
Rocha Loures está em Nova York, para onde viajou a convite do Eurasia Group para falar a investidores internacionais. A Erasia Group é uma empresa de pesquisa e consultoria de risco político.