"O PT foi bravateiro e irresponsável, vestal da moralidade por 20 anos, e quando chegou ao poder manteve, e até ampliou, o que há de pior na política, com tudo o que há de clientelismo e fisiologismo", disse ontem o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire, que veio a Curitiba abonar as fichas de filiação de mais de 80 sindicalistas ao partido.
Lançado à disputa pela presidência da República no ano que vem, este foi seu primeiro compromisso oficial na condição de pré-candidato. Aproveitou para reafirmar a necessidade de apresentar uma alternativa aos dois grandes partidos da atualidade -PT e PSDB – evitando que eles monopolizem o debate politico, e disse que o PPS está retomando uma relação histórica com o mundo do trabalho: "O partido nasceu do movimento operário, da mobilização dos trabalhadores", lembrou.
O deputado disse que o PPS tem uma proposta de mudança do modelo ecônomico adotado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que considera mera continuidade do anterior: "Quem quer que venha a ser o novo presidente vai ter que mudar, pois este, de total subserviência ao sistema financeiro internacional, está exaurido. Estamos garantindo o superavit ao custo da redução do poder de compra dos salários, da oferta de empregos e do sacrifício da classe trabalhadora", condenou, responsabilizando, uma vez mais, o governo petista pela desorganização política que, em sua opinião, acabou conduzindo Severino Cavalcanti (PP) à presidência da Câmara Federal.
Freire acusa o PT de haver frustrado a expectativa nele depositada principalmente pela classe trabalhadora, de ter feito a alegria do sistema financeiro, ao permitir que os grandes bancos registrassem o maior lucro de sua história; de desperdiçar recursos públicos e de adotar práticas em nada diferentes das legendas que costumava criticar.
Freire tem se empenhado num trabalho de aproximação com os partidos de perfil esquerdista, como o PDT e o PSOL, com vistas a futuras alianças. Ele acredita que a verticalização – tratada através de emenda constitucional em tramitação no Congresso – cai na Câmara Federal, liberando os partidos para composições regionais: "A verticalização, assim como a cláusula de barreira, são instrumentos anti-democráticos e só interessam aos que pretendem exercer o autoritarismo".
A cerimônia de filiação coletiva ao PPS foi realizada na sede da Fetiep (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Estado do Paraná), em Curitiba, com a presença de lideranças sindicais, do presidente do diretório regional, Rubens Bueno, dos deputados Ratinho Júnior, Marcos Isfer e Arlete Caramês, entre outros "Quando 80 lideranças sindicais se filiam ao PPS, um partido que se coloca como oposição ao governo do PT, este é o sinal mais evidente de que o governo Lula se divorciou dos trabalhadores", afirmou Rubens Bueno durante a solenidade. A cúpula do PPS se deslocou depois para Maringá, para novo ato coletivo de filiações.