O Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral do País, será decisivo no segundo turno da disputa presidencial, por causa dos 31,48% de votos fluminenses em Marina Silva (PV), agora disputados pela petista Dilma Rousseff, que teve 43,73% no Estado, e pelo tucano José Serra (22,58%). O resultado refere-se à apuração de 97,8% dos votos.
Dilma conta com o governador reeleito Sérgio Cabral (PMDB) não apenas para atuar como seu principal cabo eleitoral no Estado, mas também para disseminar pelo País a promessa da candidata de replicar as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), iniciativa bem sucedida do governo do Rio. No caso de José Serra, a expectativa é de apoio e engajamento do candidato derrotado ao governo Fernando Gabeira (PV), que teve apoio duplo de Marina e do tucano no primeiro turno.
Como em outras disputas, o Rio garantiu boa votação aos candidatos a presidente que não figuravam entre os favoritos. Em 2006, foi Heloísa Helena (PSOL) quem ganhou a simpatia de boa parte do eleitorado fluminense, chegando a 17,1% dos votos no Estado (na votação nacional, teve apenas 6,8%).
Dilma pretende, se eleita, fazer do Rio uma vitrine de sua administração e terá em Cabral um de seus principais aliados no Sudeste. O governador certamente será ouvido na escolha dos nomes para o primeiro escalão.
Independente do resultado da disputa presidencial, Cabral tentará, nos próximos quatro anos, ampliar a visibilidade no plano nacional e ganhar espaço no PMDB, do qual manteve certa distância no primeiro mandato. O governador reaproximou-se do comando do partido, em especial do candidato a vice de Dilma, Michel Temer. Acomodado entre os líderes peemedebistas, Cabral, no caso de vitória de Dilma, se torna uma das opções do partido para disputar a vice-Presidência da República em 2014, se for mantida a aliança PT-PMDB.
Se o vencedor for José Serra, o governador do Rio, que já foi do PSDB, não terá dificuldades em buscar uma aproximação com o futuro presidente. Fará, neste caso, o discurso de que sempre defendeu a cooperação entre os governos federal e estadual, independente dos partidos que estejam no poder.
Cabral espera do presidente eleito, seja Serra ou Dilma, colaboração para evitar perdas para o Rio de Janeiro na conclusão das votações do marco regulatório do petróleo no Congresso, em especial a divisão dos royalties do pré-sal.
No Senado, Dilma, se vitoriosa, terá uma bancada cem por cento aliada, com a eleição do petista Lindberg Farias e a reeleição de Marcelo Crivella (PRB), os candidatos apoiados por Lula. Eles se juntarão a Francisco Dornelles, presidente do PP, que tem mais quatro anos de mandato e foi um dos principais cabos eleitorais da petista no interior do Estado.
Se o vencedor for Serra, o primeiro senador fluminense a ser procurado pelos tucanos certamente será Dornelles, já que o PP teve posição de neutralidade na disputa nacional, embora a maioria do partido estivesse com Dilma.