Em visita a “O Estado”, José Serra e Rita Camata foram recebidos pelos candidatos do PMDB ao governo, Roberto Requião, e ao Senado, Paulo Pimentel. |
O candidato a presidente da República, senador José Serra (PSDB), deixou por conta da sua candidata a vice-presidente, deputada Rita Camata (PMDB), a missão de pedir o apoio do PMDB do Paraná na sucessão presidencial.
Serra e Rita conversaram ontem em Curitiba com os candidatos ao governo do PMDB, senador Roberto Requião, e ao Senado, Paulo Pimentel, na sede dos jornais O Estado do Paraná e Tribuna do Paraná. O candidato tucano à presidência fez uma visita de cortesia a Paulo e foi surpreendido com a presença de Requião, que compareceu ao encontro a pedido de Rita.
Paulo e Requião não manifestaram apoio, mas Rita deixou Curitiba com a esperança de conseguir a adesão dos pe-emedebistas à campanha de Serra. Ela solicitou aos candidatos ao Senado e ao Governo, a quem tratou como correligionários, que estudassem com carinho o apoio à chapa.
O candidato tucano à sucessão presidencial disse que embora exista uma aliança nacional entre PSDB e PMDB, reconhece que ela não se reproduz em todos os estados e que o Paraná é um deles. “Tenho uma relação cordial com o Requião. Ele é meu colega no Senado. Mas no Paraná há uma outra correlação de forças partidárias. Sou do PSDB. Estou de fora. E sapo de fora não chia”, afirmou Serra.
Diplomáticos
Paulo disse que tem simpatia pela candidatura de Serra, mas que segue a decisão do partido no Paraná. “Mostrei o quadro político do Paraná ao senador José Serra. E disse que a decisão é do grupo”, comentou o candidato ao Senado.
Requião foi mais resistente. Afirmou que Serra é seu amigo, que fizeram política estudantil juntos – ambos participaram da Ação Popular -mas disse também que considera que há obstáculos para apoiar o tucano. “Sou oposição ao Fernando Henrique e com o dólar a R$ 3,30 fica muito difícil… Eu gostaria de ver o Serra rompendo com essa orientação econômica”, comentou.
Ele disse ainda que se encontrou com Serra por uma questão de amizade. “Ele é um amigo pessoal e é um candidato respeitável. Vim aqui como uma demonstração de civilidade e urbanidade”, resumiu.
Tucano visita Pastoral
Durante sua visita à Pastoral da Criança ontem em Curitiba, o candidato do PSDB à sucessão presidencial, senador José Serra, disse que se for eleito irá reduzir os índices de mortalidade infantil no país de vinte e oito para menos de vinte mortes a cada mil nascidos vivos – taxa considerada ideal pela Organização Mundial de Saúde. Serra também disse que pretende dar acesso à pré-escola a todas as crianças entre quatro a seis anos. As promessas do tucano foram feitas após assinar o documento elaborado pela Coordenação Nacional da Pastoral da Criança comprometendo-se a implantar políticas públicas para a melhoria da qualidade de vida da população e a ampliação dos programas de combate à mortalidade infantil, entre outras propostas.
Serra e sua vice, a deputada Rita Camata (PMDB), acompanhados do candidato ao governo do PSDB, Beto Richa, elogiaram a iniciativa da coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns, que pretende obter o compromisso de todos os candidatos à Presidência da República. O próximo será o candidato do PT, Luis Inácio Lula da Silva, que virá a Curitiba na próxima semana. Zilda disse que o convite para todos os candidatos foi enviado no mesmo dia (18 de julho) e que Serra foi o primeiro a agendar sua assinatura. “O Brasil precisa de homens de decisão política para ajudar as crianças e adolescentes pobres. Para a Pastoral, o governo é o administrador de recursos. Não é amigo nem inimigo. As Pastoral vai ajudar o próximo presidente eleito democraticamente a colocar as propostas independentemente do partido político”, afirmou a coordenadora, que procurou manter um discurso neutro durante a solenidade, acompanhada por voluntários da Pastoral.
Zilda Arns afirmou ainda que espera que “Deus ilumine os brasileiros na hora de votar porque o País precisa de gente competente para se desenvolver porque tem tudo para isso”.
Serra disse que não esperava nenhuma manifestação política de apoio de Zilda Arns.
Senador ataca Ciro
O candidato a presidente do PSDB, senador José Serra, disse ontem em Curitiba, na entrevista coletiva concedida na sede da Pastoral da Criança, que o candidato do PPS à sucessão presiedncial, Ciro Gomes (PPS), está utilizando o que chamou de “estratégia pega-ladrão” em sua campanha. “O sujeito bate a carteira e fica gritando no calçadão ´pega-ladrão´ para distrair os transeuntes”, afirmou o tucano, referindo-se às denúncias contra os aliados de Ciro nesta campanha eleitoral. As declarações foram em resposta a comentário do candidato do PPS, que atribuiu as denúncias contra seu vice, Paulo Pereira da Silva, e seu coordenador geral de campanha, o deputado federal José Carlos Martinez, ao que chamou de “dragão da maldade”, que ele identificou como Serra e seus apoiadores.
O senador tucano disse que as acusações contra os aliados de Ciro não foram criadas por ninguém. “O fato de o coordenador-chefe de sua campanha ter sido sócio do tesoureiro do Collor não é invenção de ninguém. Também não é invenção o seu vice estar sendo acusado de desviar recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador)”, reagiu o senador, que mais uma vez não quis comentar seu desempenho nas pesquisas de intenções de votos. “Depois do horário eleitoral (que começa em 20 de agosto), a gente conversa sobre isso”, esquivou-se.
Serra comentou ainda o comportamento da economia e as negociações do Brasil com o Fundo Monetário Internacional. “Não há fundamento na economia que justifique esse comportamento nervoso fora do Brasil. Isso revela o desconhecimento do Brasil, que tem uma economia mais forte que a Argentina. (EC)