O procurador-geral da Justiça, Milton Riquelme de Macedo, transformou-se em personagem da campanha eleitoral no Paraná. O programa dos candidatos proporcionais do PMDB, exibido no horário eleitoral gratuito, trouxe ontem declarações do procurador sobre o episódio da prisão do policial civil Délcio Razera. A assessoria de campanha do PMDB informou que foram usados trechos de uma entrevista concedida a uma emissora de televisão por Riquelme de Macedo, onde ele declara que não há indícios de ligação entre o acusado de comandar um esquema de escuta clandestina e o governo do Estado.
À tarde, o procurador divulgou uma nota explicando que, diante das especulações acerca do envolvimento de setores do governo do Estado do Paraná, e para salvaguardar a independência do trabalho da Promotoria de Investigação Criminal, ele achou necessário esclarecer que, até o momento, as investigações não indicam se Razera estava a serviço de uma terceira pessoa. Conforme o procurador, somente após a conclusão das investigações será possível identificar quantos e quem são os responsáveis pelo grampo telefônico. ?Lamentavelmente, o clima de disputa eleitoral deu ensejo a manifestações que, se não intencionais, expressam absoluto desconhecimento da independência que norteia a atuação dos membros do Ministério Público, e do sistema legal vigente, que estabelece garantias individuais?, afirma a nota.
Isenção
Ontem, o líder da oposição na Assembléia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), divulgou um texto questionando as manifestações do procurador-geral de Justiça. ?Entendemos que o procurador-geral do Ministério Público deveria ser o primeiro interessado em apurar todos os fatos que envolvem este caso e que, repetimos, estão sendo investigados pelos procuradores do Estado. O dr. Milton Riquelme, no entanto, afirmou em entrevistas que o episódio está sendo explorado eleitoralmente e adiantou o que só as investigações e o processo judicial poderiam revelar – que o governo do Estado não teve nenhuma participação ou envolvimento no caso?, criticou.
Para Rossoni, o procurador não poderia ter dado um veredicto para um caso que ainda está sendo investigado. ?Um procurador-geral, que tem o dever de zelar pela observância da lei, pode se manifestar dessa maneira, ainda mais em meio a um processo eleitoral??, questionou.