Ainda superando uma grave crise financeira e institucional, o Rio vive hoje o primeiro turno de uma campanha eleitoral tumultuada. Líder das pesquisas, o ex-prefeito da capital Eduardo Paes (DEM), condenado no ano passado por abuso de poder econômico e político na eleição municipal de 2016, concorre graças a uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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Até então em segundo lugar nos levantamentos, o ex-governador Anthony Garotinho (PRP), sentenciado por desvios na área da saúde entre 2005 e 2006, quando secretário de Governo da mulher, a ex-governadora Rosinha Garotinho (PRP), teve sua candidatura barrada pelo TSE na semana passada.

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Garotinho anunciou apoio a Romário (Podemos), o atual segundo colocado. O ex-jogador e senador vem sendo criticado por reduzir sua exposição à imprensa. O jornal O Estado de S. Paulo enviou nove perguntas ao candidato, contemplando a conjuntura eleitoral, a área de segurança, a situação fiscal do Estado e também questionando sua hesitação em responder a jornalistas sobre projetos e a acusação de que cometeu fraude processual e violação do direito de dirigir no caso de um atropelamento em 2017. Romário respondeu em oito linhas, nas quais defende um governo “pé no chão, com rigoroso controle de gastos e desperdício zero”.

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Como ocorreu em 2014, quando Luiz Fernando Pezão (MDB) escondeu seu antecessor e padrinho na política, Sérgio Cabral Filho (MDB), Paes, que tem o MDB na coligação, também tenta se desvencilhar do antigo aliado. O ex-governador está preso há quase dois anos sob acusação de chefiar uma organização criminosa que movimentou cerca de R$ 1 bilhão em propinas em sete anos. Nos debates e em suas peças publicitárias, os opositores Indio da Costa (PSD) e Tarcísio Motta (PSOL) o vincularam todo o tempo à “quadrilha que saqueou o Estado”, ao que Paes vem retrucando que só responde “por seu próprio CPF”.

Na última quinta-feira, 4, o emedebista sofreu um revés. Seu ex-secretário de Obras Alexandre Pinto o acusou de receber propina da Odebrecht em obras municipais, tendo supostamente travado negociações em seu próprio gabinete na prefeitura. Paes refutou as alegações, chamando Pinto de “ladrão confesso” e afirmando que o ex-auxiliar busca obter “benefícios penais”. “Há mais de um ano e meio venho sendo atacado, sem que surgisse nenhum indício contra mim. Sigo minha campanha confiante na Justiça e na capacidade de discernimento da população.”

Pesquisa

A corrida ao Palácio Guanabara tem três novatos na política, o advogado Marcelo Trindade (Novo), a escritora Marcia Tiburi (PT) e o ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC) – este o mais bem colocado entre os três. Pela pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada ontem (a segunda feita sem Garotinho), Paes manteve os 26% de quarta-feira entre os votos totais; Romário oscilou de 19% para 17%; Indio manteve 10%; Witzel foi de 7% a 10%; Tarcísio tem 7%; Tiburi, 5%; Pedro Fernandes (PDT), 5%. Os outros registram 1% ou 0%.

Entre os votos válidos (excluídos brancos e nulos), Paes tem 32% e Romário, 20%. Já em simulação de segundo turno, Paes registra 44% e Romário, 30%. A margem de erro é de dois pontos porcentuais.

O próximo governador terá desafios a enfrentar. Entre eles, a reorganização das finanças do Estado, que ainda sai da crise decorrente das perdas de receitas do petróleo, gerada pela queda acentuada do preço do barril em 2015 e em 2016. Há ainda a superação do caos na Segurança Pública, marcado pela explosão no número de homicídios, incluindo os cometidos pela polícia – a partir de 1.º de janeiro, o decreto de intervenção federal assinado em fevereiro deste ano terá seus efeitos suspensos. Há ainda passivos na Saúde e na Educação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.