Uma polêmica que está se travando nas bases parlamentares do PMDB e PT já começa a abalar a tranqüilidade das costuras que vêm sendo feitas pela cúpula dos dois partidos com vistas a fechar o acordo para uma aliança na disputa pela Prefeitura de Curitiba no próximo ano. Vereadores do PT trabalham contra a coligação proporcional para a disputa do próximo ano, o que já irritou a direção municipal do PMDB, que defende uma chapa única para a Câmara Municipal.
?Se querem tirar o PMDB da chapa proporcional, então, vão ter que se virar sozinhos na eleição majoritária. Nós não fazemos coligação meia-boca?, reagiu o presidente do PMDB de Curitiba, Doático Santos.
O dirigente peemedebista respondeu ao vereador petista Adenival Gomes, o primeiro a expor publicamente sua contrariedade com a coligação proporcional entre os dois partidos. ?Seria um contra-senso que os votos destinados à legenda do PT ajudassem a eleger figuras que ainda hoje mostram-se fiéis ao prefeito. Para mudarmos a forma como Curitiba vem sendo administrada, precisamos mudar também a composição da Câmara Municipal?, afirmou Adenival. O vereador referiu-se aos neopeemedebistas, um grupo de vereadores que trocou os partidos da base de sustentação do prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi (PFL), pelo PMDB após a eleição do governador Roberto Requião (PMDB), no ano passado.
Para Adenival, a aliança entre o PT e o PMDB deve se dar em torno da candidatura a prefeito. Para a Câmara, o PT tem que lançar ?chapa pura?, disse. ?Já nas eleições proporcionais para a Câmara Municipal, as alianças do PT seriam restritas aos partidos de esquerda que tradicionalmente são aliados do partido na cidade?, defendeu.
Além das questões ideológicas, fatores matemáticos também ditam a posição de parte da bancada petista na Câmara. Numa coligação proporcional, a avaliação é que o PT poderia perder cadeiras para o PMDB, cujos candidatos têm um patamar de votos maior que os petistas. O PT vê riscos na reeleição dos seus atuais seis vereadores.
?Primo pobre?
Para Doático Santos, o PT deveria ter o que chamou de ?despreendimento? na hora de conversar sobre as coligações. ?O nosso partido pode abrir mão do candidato a prefeito para apoiar o nome do PT (deputado estadual Ângelo Vanhoni). Nisso, tem que haver equilíbrio e para tanto é necessário ter a coligação proporcional?, disse o presidente do partido.
Para Doático, o PMDB não pode ser visto como o ?primo pobre? em relação aos votos de legenda do PT. ?Nós temos votos em Curitiba e não somos o primo pobre desta história. O PMDB tem a força do nome do governador Roberto Requião que tem muito voto em Curitiba. Nosso voto de legenda também é forte?, afirmou.