O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, afirmou nesta segunda, 9, que, passada a crise política, a economia deve reagir em ritmo mais rápido do que espera a maior parte dos empresários. “Muita gente me pergunta: vai levar 10, 15 anos? Não, o mundo tá cheio de dinheiro querendo investir aqui. Se tiver retomada, rapidamente começa, a roda deixa de girar negativo, zera e vira para positivo. Ano que vem já devemos ter outro cenário”, disse, durante evento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

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A retomada da economia, no entanto, depende da recuperação da confiança e da credibilidade, afirmou Skaf. E, para isso, um eventual governo Michel Temer não pode gerir suas contas gastando mais do que arrecada, ele disse. “Essa contabilidade não dá certo”, criticou Skaf. “Não pode ser como o Joaquim Levy (ex-ministro da Fazenda) e ficar falando de ajuste fiscal por meses, tem de tomar providências”, acrescentou o presidente da Fiesp, que foi convidado pela ACSP para dar palestra sobre quais seriam os desafios de um eventual governo Temer.

O ajuste fiscal do novo governo, ponderou o empresário, não pode incluir aumento de imposto. Elevar os tributos seria como penalizar o brasileiro, argumentou. “O ajuste fiscal não é problema do Brasil, é problema do governo. O problema do Brasil é a retomada do crescimento e do emprego. O governo tem de acertar as contas públicas”, disse Skaf.

Segundo Skaf, o vice-presidente Temer deve assumir o governo com “vontade de acertar” e adiantou que a Fiesp deve colaborar. Disse, no entanto, que continuará brigando para que não haja elevação de impostos. “A única coisa não vamos aceitar é aumento de imposto, porque se o governo sentir que dá para aumentar imposto ele aumenta, porque é mais cômodo”, afirmou. “A classe empresarial tem receios do governo, mas o governo é que tem de ter receio da gente. Nós vamos apoiar (um eventual governo Temer), mas podemos também criar caso”, declarou.

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Sobre a possibilidade de uma reforma tributária, Skaf admitiu que este não é o momento mais adequado. “Eu não forçaria isso agora, já seria uma conquista deixar como está, sem elevação de imposto”, disse. “Vai vir uma maldade no meio se mexer nisso agora”, afirmou em seguida. Para ele, a prioridade do governo deveria ser a reforma da Previdência, que poderia reduzir os gastos do governo.