Requião vê complô contra o Porto de Paranaguá

O governador Roberto Requião (PMDB) disse ontem que o Paraná vai continuar resistindo à privatização do Porto de Paranaguá e defendendo o seu caráter público. ?Hoje, o Paraná responde por parte significativa das exportações brasileiras. Se o porto for privatizado, ficará sob a direção dos interesses estranhos ao País, que apenas visam lucros?, afirmou Requião, que vê na ameaça de interrupção do convênio de delegação do porto ao governo do Estado uma estratégia para privatizar o terminal.

Para o governador, a aprovação do projeto de decreto legislativo não tem nenhuma outra finalidade a não ser a abertura do terminal à importação e exportação de produtos transgênicos. ?A razão dessa pressão toda é simples: abrir o porto aos transgênicos, que também são prejudiciais ao País?, declarou Requião. E acrescentou: ?A intervenção pretendida nada mais é do que uma retomada das antigas tentativas de privatização do porto?.

Os interesses dos agricultores e dos produtores não estão em primeiro plano nesta cruzada contra o Porto de Paranaguá, avaliou o governador. Ele citou que o Estado está alcançando destaque no mercado internacional como produtor e exportador de soja pura e que o produto paranaense obteve preços superiores à soja do Rio Grande do Sul. ?Essa nossa luta contra a soja transgênica é em defesa também dos interesses nacionais. E essa pressão sobre o porto é defesa de interesses nacionais ou das transnacionais??, questionou o governador, que esteve ontem em Faxinal do Céu numa reunião com o primeiro escalão do governo.

Interesses

O superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Eduardo Requião, atribuiu as críticas feitas à sua gestão aos interesses contrariados de setores que se movimentam para privatizar o porto. Eduardo Requião disse que sua forma de atuar desafiou políticos que pretendem federalizar o porto, para depois entregá-lo à iniciativa privada.

?Há mais de dois anos, administramos este porto como deve ser administrada a coisa pública, com ética, transparência e uma imagem renovadora. Essa postura mexeu com interesses de poderosos que hoje, inconformados, lutam pela privatização do Porto de Paranaguá. Querem que por aqui saia a soja transgênica, destruindo a agricultura do Paraná e desmoralizando o governo do Estado?, declarou.

Segundo Eduardo Requião, a sessão da Câmara Federal que aprovou anteontem o projeto de decreto legislativo do deputado federal Ricardo Barros (PP) suspendendo a delegação da União para administrar o porto sequer tinha quórum. ?Hoje vemos políticos que conseguem passar numa sessão com seis pessoas uma ação contrária ao Porto de Paranaguá, tentando federalizá-lo para privatizá-lo na seqüência. Nós continuamos defendendo a nossa bandeira e aqueles que estão acreditando na transformação deste porto – que estava abandonado e falido – hoje é capaz de gerar riquezas e crescer sua movimentação portuária?, salientou ainda o superintendente da Appa.

Oposição festeja a intervenção

Os deputados de oposição ao governo na Assembléia Legislativa aproveitaram a aprovação do projeto de decreto legislativo supendendo a autorização da União para o governo do Estado administrar os portos de Paranaguá e Antonina para voltar ao ataque contra o superintendente Eduardo Requião. ?É o coroamento lógico de uma política sistemática de desmandos, temeridades e desrespeitos à lei, que vem sendo adotada pela administração portuária?, afirmou o líder do bloco, Valdir Rossoni (PSDB), que presidiu uma CPI sobre o porto. Rossoni disse que a CPI levantou problemas na administração do porto, mas que não foram tomadas providências para corrigir o que considera irregularidades na gestão atual.

Para o deputado Durval Amaral (PFL), o governo do Estado deveria fazer as mudanças propostas pela CPI antes de o Senado votar o decreto, que cancela a concessão. ?Ele (governador) deveria aproveitar a situação e fazer mudanças estruturais no porto. Toda a sociedade paranaense sabe que o Porto de Paranaguá não vai bem?, afirmou. Ainda de acordo com Amaral, se o Senado aprovar o fim da delegação, será uma desmoralização pública para o Estado.

Já o presidente do Sindicato dos Conferentes, Carlos Antônio Tortato, saiu em defesa do superintendente. ?Os portos paranaenses estão sendo administrados com muita eficiência e o momento é de nos unirmos. Não podemos e nem devemos ficar perdendo tempo com disputas políticas. Vamos nos mobilizar para impedir essa pretensão dos deputados que se opõem ao governo do Estado, porque a medida joga todos os trabalhadores – avulsos e portuários -, na insegurança?, afirmou. (EC)

 

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