Requião usa “escola” para atacar Bernardo

O governador Roberto Requião (PMDB) dedicou toda a Escola de Governo de ontem para responder a crítica do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (PT), de que faltava empenho do governo do Paraná para obter recursos da União. Requião fez com que vários secretários apresentassem relatório dos projetos executados com repasses federais e acusou o ministro de propor negócio superfaturado ao Paraná.

Requião relatou que foi procurado por Bernardo, que o teria proposto a liberação de R$ 550 milhões numa Parceira Público Privada (PPP) com a América Latina Logística (ALL) para a construção de um ramal ferroviário que, segundo o governador, teria orçamento de R$ 150 milhões. “O que é brigar por recursos? Negociar posições políticas? Trocar apoio por financiamentos? Não agimos assim, nem acredito que essa seja a posição do (presidente Luiz Inácio) Lula (da Silva)”, disse o governador.

As declarações irritaram o ministro, que declarou que Requião “faltou com a verdade”. “Na conversa que tivemos com o governador Requião, propusemos um entendimento para escolher uma das alternativas. O governador argumentava que o custo do projeto do Governo Federal, de R$ 500 milhões, era muito alto e ligou, na nossa frente, para o então diretor do DER, Rogério Tizzot, indagando o valor do projeto estadual. A resposta: R$ 500 milhões”, disse Bernardo.

Agência Brasil
Bernardo: “É muito grave. Ele faltou com a verdade”.

O ministro informou que com a resistência do governo em aceitar a proposta federal, a União recuou e passou a discutir com o governo do Paraná a proposta elaborada pelo Estado. “Essa conversa aconteceu em 2005 e, até agora, o governo não tem um projeto”, comentou. Requião vem trocando farpas e criticando publicamente o ministro Paulo Bernardo há algumas semanas, principalmente por discordar da política econômica do governo federal. As críticas, no entanto, nunca chegaram ao nível de acusações, como ontem. “Não vi a íntegra da fala dele, mas já solicitei as gravações. É muito grave. Ele faltou com a verdade. É lamentável a postura do governador, que usa esse programa de TV para atacar as pessoas”, disse o ministro, lembrando que Requião já responde a inúmeros processos por ataques feitos na “escolinha”, mas explicando que ainda irá analisar todas as declarações do governador para saber se é o caso de acioná-lo.

Bernardo lembrou que Requião sempre fez críticas ao governo federal, disse achar natural, “mas ele convive mal com essa situação de alguém que responde o que ele fala. Ele precisa aprender a ouvir opiniões divergentes. O que não dá para tolerar ataques pessoais e baixarias”. O ministro do Planejamento acha que as discussões com Requião não devem interferir nas conversas sobre alianças com o PMDB. “Temos boas conversas com o Orlando Pessuti e o Waldyr Pugliesi”, disse.

Bernardo disse não saber o que motiva os recentes ataques de Requião e disse não acreditar que se trate de uma estratégia para romper com o PT e aproximar-se do PSDB para as eleições de outubro. “Não posso fazer essa ilação sem ter certeza. Tem muita gente que fala que é isso, outros falam que é porque quer tirar a Gleisi Hoffmann (PT) da campanha para o Senado, eu não tenho como tirar uma conclusão sobre isso”, disse.

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