Embora o tempo tenha sido limitado, o governador Roberto Requião (PMDB) aproveitou a passagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Curitiba na noite de anteontem para apresentar suas queixas, críticas , mas também fez um pedido de ajuda. Nesse caso, para resolver o que mais o incomoda nas relações com o governo federal, além da política econômica: a falta de respaldo para seus questionamentos sobre os contratos para a cobrança de pedágio no Estado.
Em conversas esparsas, cinco minutos no Aeroporto Afonso Pena e mais alguns no hotel em que o presidente permaneceu menos de uma hora, antes de participar do encerramento de um fórum de debates sobre propostas para o Estado, o governador disse a Lula que a situação é complexa, que há uma pressão popular pela redução das tarifas, e que precisa do apoio de Lula para solucionar o impasse. Testemunhas do diálogo entre os dois revelaram que o presidente respondeu que fará o que estiver ao seu alcance, mas não se prolongou na resposta.
No dia anterior, o governador havia ameaçado devolver as concessões à União, que é signatária também dos contratos com as seis concessionárias que exploram as rodovias federais. Requião havia prometido protestar pública e diretamente a Lula durante a visita. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que a devolução é possível, se for o desejo do governador Roberto Requião. "Há cláusulas contratuais que prevêem que o Estado pode fazer essa renúncia", disse o ministro, cujo diálogo com o governador não é dos melhores.
Nas vésperas da visita de Lula, o Palácio do Planalto havia contornado um problema ao divulgar que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, havia feito um acordo para que o Paraná passe a receber novamente recursos federais mesmo mantendo a decisão de não efetuar os descontos previdenciários previstos para servidores aposentados.
Pauta eleitoral
Se com Requião, o tema tratado foi apenas no campo administrativo, com os petistas paranaenses o presidente sentiu-se mais à vontade para conversar sobre o quadro eleitoral. Em conversa onde estavam presentes o presidente estadual do partido, André Vargas, o senador Flávio Arns, a diretora financeira da Itaipu Binacional, Gleisi Hoffmann, Lula demonstrou curiosidade sobre o cenário das eleições do próximo ano no Paraná.
Dos petistas, o presidente ouviu que o partido terá candidato próprio. E que, muito provavelmente será o senador Flávio Arns. Segundo Vargas, Lula incentivou o projeto. Mas o que chamou mesmo a atenção dos seus correligionários foi Lula perguntar sobre a situação do senador Osmar Dias (PDT), cuja pré-candidatura ao governo está apresentada, mas ainda depende de algumas variáveis para se consolidar. O presidente estadual do PT relatou que a resposta foi que Osmar, apesar dos problemas, está tratando da sua campanha e que articula o apoio com os tucanos do Paraná. Mas a avaliação dos petistas é que os tucanos estão, atualmente, mais próximos ao palanque da reeleição de Requião, do que da candidatura do pedetista.