Segundo o governador, “Copel não é cassino”. |
O governador Roberto Requião (PMDB) disse ontem que a tarifa de energia elétrica no Paraná não será reajustada, enquanto não houver comprovação da necessidade. E que ao invés de aumento, é provável que implante a isenção de pagamento para os consumidores de até 100 kW mensais.
“A tarifa não sobe, enquanto não for absolutamente necessário. Porque a Copel não é um cassino para tirar do jogador tudo o que é possível. É uma empresa pública, que tem que manter a sua saúde, tem acionistas privados que precisam ser remunerados, mas não vai sangrar a economia do Paraná. Não vai tirar aquilo que o povo não pode dar”, declarou o governador, que está no Texas (Estados Unidos) e conversou por telefone com uma emissora de rádio, em Curitiba.
Requião classificou como “um erro” a decisão da diretoria da empresa de autorizar o aumento. O governador explicou que a ordem de cancelamento do aumento partiu dele e do presidente da Copel, ex-governador Paulo Pimentel, que acompanha Requião na viagem aos Estados Unidos. “Cancelamos porque o aumento é indevido e desnecessário.”
A Copel estava falida, mas foi recuperada. Estamos renegociando contratos antigos, malfeitos (Cien e El Paso). Esses dois contratos apenas quebrariam a Copel. Nesses primeiros seis meses, a empresa sai do vermelho e apresenta um lucro de R$ 266 milhões de reais. Com este lucro, qualquer aumento é desnecessoario. Eu não tenho nenhum motivo para sobrecarregar pequenas empresas e consumidores residenciais”, afirmou.
O governador disse que a isenção para a faixa de consumo de até 100 kW beneficiaria cerca de setecentas mil pessoas. “Estamos com excesso de energia. A energia gerada se dispersa se não for usada. Não tem nenhum sentido a Copel não utilizar uma energia, ao mesmo tempo em que as pessoas mais pobres não podem tomar um banho quente por falta absoluta de dinheiro”, afirmou. Requião definiu a isenção é o seu programa de renda mínima e que a nova administração da Copel tem uma preocupação social. “Ao mesmo tempo em que racionalizam e impedem aquela roubalheira antiga que quase acabou com a empresa”, comentou.
Compromisso
O governador devolveu às críticas que recebeu do mercado que se referiu a ele como o “Risco Requião” ao analisar o efeito de sua decisão sobre o valor das ações da Copel. “Energia é um serviço publico. Não é uma commodite, um bem para ser vendido no cassino do mercado “, atacou o governador. Ele citou que, quando tomou posse, as ações da empresa eram comercializadas a US$ 3 e com a saúde financeira abalada. “A Copel estava sendo forçada por contratos corrompidos num governo corrompido.A saúde financeira foi restabelecida e quem elegeu o governador foi o cidadão que não tem nenhum compromisso com especuladores, com ladrões do mercado financeiro. Tenho compromisso com os cidadãos paranaenses”, disse.
Para o governador, Risco-Brasil é uma expressão cunhada por setores da imprensa “que acham que as empresas públicas devem ser privatizadas para que explorem até a medula a população e a economia”. Ele ressaltou o caráter de prestadora de serviços públicos da Copel como suporte da sua decisão de não deixar a empresa submetida às flutuações do mercado. “A Copel é uma empresa pública, não vende grãos, não vende no mercado futuro. É uma empresa que presta serviços. Um governo como o nosso não vai se submeter a um desejo de ganância de meia dúzia de sócios privados. Vamos jogar a favor do Paraná e não a favor dos especuladotres, dos gângsters do mercado”, disse.
Queda da arrecadação do Serlopar chega a 66%
O Serviço de Loterias do Paraná (Serlopar) teve uma queda de 66% de arrecadação desde o mês de abril, quando foram proibidos, por decisão do governador Roberto Requião (PMDB), os jogos de bingo e videoloteria em todo o Estado.
A informação é do diretor administrativo e financeiro do Serlopar, Rui Sérgio Avelleda. Ele destacou que fora as despesas operacionais da autarquia, todo restante dos recursos é repassado ao Instituto de Ação Social do Paraná (Iasp), vinculado à Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social. Ele salientou que somente nos quatro primeiros meses do ano, enquanto as duas modalidades de jogo estavam funcionando, o Serlopar destinou R$ 3.323 milhões à ação social.
A estimativa é que se o jogo não fosse proibido es montante chegaria perto de R$ 10 milhões até o final de 2003.
Novas loterias
Dos recursos que pararam de entrar para o Serlopar a maioria, cerca de 55%, se referia às videoloterias. O bingo representava apenas 11% da arrecadação. Atualmente, a autarquia é responsável apenas por quatro loterias: Pimba, Seninha do Paraná, Roda da Sorte e Toto Bola.
“Sabemos que as casas de bingo não mais reabrirão. Por isso, acho que a criação de novas loterias seria a solução para aumentar novamente a arrecadação”, opinou Avelleda.
A assessoria da Procuradoria Geral do Estado (PGE) informou ontem, que o pedido de suspensão da liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou a reabertura de duas casas de bingo no Estado, esta semana, deve acontecer apenas na segunda-feira. Esse pedido foi feito ao Supremo Tribunal Federal (STF). (Lawrence Manoel)
CPI dos Bingos não incomoda governador
A proposta de criação de uma CPI dos Bingos na Assembléia Legislativa é o resultado da política rigorosa de combate à atividade executada pelo governo. Foi assim que o governador Roberto Requião (PMDB) avaliou a tentativa dos seus adversários políticos na Assembléia de começar uma investigação sobre uma denúncia de ajuda financeira dos bingos à campanha eleitoral do PMDB no ano passado.
O governador ironizou a acusação. “Alguém iria financiar com o dinheiro de bingo a minha candidatura, quando fui eu que apresentei um projeto de lei no Senado acabando com o jogo de bingo. É o desespero dos canalhas”, afirmou. O governador disse que a iniciativa não o incomoda. “O bingo é ruim, é lavagem de dinheiro do narcotráfico, do crime organizado. A máquina é uma exploração. Eu não me incomodo com isso. Tenho 62 anos de idade e todos me conhecem. Meu comportamento é rigoroso com os outros e muito mais comigo”, declarou.
Requião disse ainda que não está preocupado com os jogos de bingos promovidos nos salões paroquiais das igrejas. “Não me incomodo com o bingo da igreja, mas o bingo no Brasil é o bingo da máfia espanhola, italiana, do crime organizado”, disse o governador. Ele afirmou ainda que, ao proibir o funcionamento dos bingos, agiu em conjunto com o Ministério Público Estadual. ” Para limpar a sociedade deste esquema de suporte do crime organizado do dinheiro mal havido, o dinheiro roubado da Copel, que é lavado no bingo, o dinheiro do sobrepreço de uma empresa, o dinheiro da gorjeta de um administrador publico corrupto”, disse. O governador comentou ainda que, por combater a modalidade dos bingos, acabou por atrair a ira dos benefeciados com a atividade. “Nosso jogo é duro e quem joga duro como nós jogamos sempre tem uma oposição pesada dos idiotas, dos canalhas.Por que não fazem uma CPI para saber por que não aumentamos o preço da energia?”, questionou.