O governador Roberto Requião afirmou anteontem à noite em Curitiba, durante a Convenção Estadual do PMDB, que o partido precisa se afastar do governo federal para ter a liberdade de defender propostas e projetos alternativos para o desenvolvimento da nação. O encontro aprovou, por unanimidade, a independência do partido em relação ao governo federal.
Além da entrega imediata dos ministérios das Comunicações (ocupado por eunício Oliveira) e da Previdência Social (ocupado pelo ministro Amir Lando) e dos cargos de todos os escalões que o partido ocupa em Brasília, os peemedebistas do Paraná decidiram que o partido terá candidato próprio na eleição para presidência da República em 2006 e também que a sigla do partido voltará a ser MDB, como era conhecido durante a luta contra a ditadura militar e a redemocratização do país.
As propostas serão defendidas pelo governador e pelo vice Orlando Pessuti, além de outros 35 delegados e 8 deputados federais do partido no Paraná na convenção nacional do PMDB, que será realizada em Brasília, no próximo domingo (12).
"Afastar-se do governo não significa ser oposição", esclareceu Requião. "Continuaremos ajudando na governabilidade do país, mas queremos ter espaço para discutir a política macroeconômica e os rumos da Nação. Ao abrir mão dos cargos que possui no governo, o PMDB abre espaço para defender suas idéias e deixa de ser um partido que não discute, não pensa, mas apenas homologa a política econômica do Fundo Monetário Internacional e a política neoliberal que impedem que o país cresça e se desenvolva", acrescentou.
Liberdade
Para o governador, o PMDB precisa continuar apoiando os assuntos de interesse do povo brasileiro, mas necessita ter liberdade para também questionar as decisões do governo federal. "Queremos o PMDB participando do governo com inteligência e de forma racional. E não de forma automática, subordinado e submisso aos interesses dos banqueiros e do mercado internacional em detrimento aos interesses do país e do povo brasileiro", defendeu.
Para o presidente estadual do PMDB, o deputado estadual Dobrandino da Silva, o partido precisa recuperar sua história e grandeza e não ficar atrelado a outros partidos, como ocorreu nas últimas eleições presidenciais. "Não se trata de fazer oposição, mas de ter uma posição de independência e de mais responsabilidade com o futuro da nação", destacou.
Já o secretário-chefe da Casa Civil, Caíto Quintana, disse que o PMDB precisa abrir espaço nacionalmente para que possa discutir soluções alternativas para o país. "Fisiologismo seria ficar no governo até 2006 e depois não apoiá-lo numa eventual reeleição do presidente. Chegou a hora de o PMDB devolver a esperança ao povo brasileiro", afirmou.